As relações do Brasil com a Argentina, principal parceiro do país no Mercosul, estarão em pauta logo no início do ano legislativo. Pouco antes do Carnaval, chegou ao Senado a mensagem presidencial de indicação do novo embaixador brasileiro em Buenos Aires, Everton Vieira Vargas. A mensagem (MSF 3/2013) foi lida em Plenário e enviada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), onde aguarda indicação de relator.
Embaixador brasileiro em Berlim desde 2009, Vargas terá pela frente – caso seja aprovado pela CRE e pelo Plenário do Senado – uma relação marcada, recentemente, pela queda no comércio bilateral. Em 2011, quando ainda se podiam sentir os efeitos do crescimento econômico da Argentina e de políticas de estímulo à demanda nos dois países, o comércio bilateral alcançou a marca histórica de US$ 39,6 bilhões. Como resultado da crise econômica internacional e da desaceleração de ambas as economias, nos primeiros 11 meses de 2012 o resultado global do comércio ficou em US$ 31,5 bilhões.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que integram a exposição de motivos enviada pelo Ministério das Relações Exteriores ao Senado, juntamente com a indicação de Vargas, houve uma “importante” redução das vendas brasileiras à Argentina no ano passado. De janeiro a novembro de 2012, as vendas brasileiras foram de US$ 16,7 bilhões, valor 20,5% menor que no mesmo período de 2011. O saldo comercial brasileiro caiu ainda mais: 67% em relação aos onze primeiros meses de 2011.
A redução do comércio bilateral está ligada, como demonstra a exposição de motivos, à decisão do governo argentino de obter, em 2012, um superávit comercial mínimo de US$ 10 bilhões, capaz de ajudar o país a atender a compromissos de sua dívida externa, no valor de US$ 13 bilhões, e as necessidades crescentes de importação de energia.
Para isso, as autoridades de Buenos Aires exerceram um controle de importações, especialmente em setores como os de calçados, têxteis e confecções. Segundo estimativas citadas pelo documento, o superávit argentino deverá alcançar de US$ 12 bilhões a US$ 14 bilhões, superando, portanto, as necessidades do país no ano passado.
Apesar das dificuldades comerciais, tem sido constante o crescimento de investimentos brasileiros na Argentina. Até 2014, o estoque total de investimentos deve alcançar US$ 16 bilhões, distribuídos em setores como petróleo, mineração, siderurgia, indústria automobilística e construção civil. Empresas brasileiras são responsáveis, atualmente, por 60% da produção de aço e 70% da fabricação de denin, matéria prima dos jeans, da Argentina.