Importante ex-espião é intimado por morte de promotor na Argentina

O ex-agente de inteligncia argentino Antonio "Jaime" Stiuso, conhecido como o espio mais poderoso do pas, foi intimado a prestar depoimento nesta quinta-feira como testemunha na investigao da morte do promotor Alberto Nisman.

A intimao foi feita em funo das indicaes de que Stiuso falou por telefone com Nisman por 12 minutos na noite de sbado, vspera do dia 18 de janeiro, quando o promotor foi achado morto com um bala na cabea.

Quatro dias antes de aparecer morto, Nisman acusou a presidente Cristina Kichner, seu chanceler Hctor Timerman e assessores do governo do suposto acobertamento de ex-dirigentes iranianos no caso do atentado antissemita que em 1994 matou 85 pessoas.

Stiuso, cuja verdadeira idade, nome e assinatura so desconhecidos, ganhou fama de "intocvel" graas a supostos documentos secretos com os quais conseguiu chantagear polticos e autoridades da Justia do pas.

Ele fez parte dos servios secretos argentinos de 1972 a dezembro do ano passado, quando foi afastado por Kirchner.

Sua estreita relao com Nisman foi confirmada pela prprio promotor, advogados ligados ao caso do atentado contra o centro judaico AMIA e jornalistas investigativos que cobriram o ataque ocorrido quando Stiuso era chefe operativo da secretaria de Inteligncia (SIDE).

No lugar de Stiuso, seu advogado Santiago Blanco Bermdez foi quem compareceu ao gabinete da promotora Viviana Fein, que conduz o caso da morte de Nisman.

O advogado sustentou que seu cliente est "disposto a depor", mas sem revelar o seu rosto e com uma autorizao prvia para revelar os segredos que, como um ex-membro dos servios de inteligncia, obrigado a guardar. Ele disse desconhecer se seu cliente est na Argentina.

Pouco depois de saber das condies impostas por Stiuso, o novo chefe da secretaria de Inteligncia, Oscar Parrilli, anunciou que por ordem da presidente Kirchner autoriza Stiuso a revelar os segredos guardados desde antes da ditadura (1976-1983).

"A presidente quer que revele tudo", disse Parrilli no Congresso, onde um projeto de lei discutido para dissolver essa secretaria, alvo histrico de crticas do governo e da oposio que aumentaram aps a morte de Nisman.

A deputada pela Coalizo Cvica (oposio social-democrata), Elisa Carri, anunciou que denunciar criminalmente, nesta sexta-feira, a presidente e outros altos funcionrios de seu governo pelo suposto acobertamento da morte de Nisman, confirmou seu gabinete nesta quinta-feira.

Segundo Carri, revelaes de mensagens de WhatsApp, fotos e intervenes permanentes de porta-vozes do governo sobre Nisman, "est mais perto da hiptese de assassinato por uma operao de inteligncia do governo atual", disse.

A denncia inclui a procuradora-geral, Alejandra Gils Carb; o chefe de estado-maior do Exrcito, Csar Milani; e o secretrio-geral da Presidncia, Anbal Fernndez.

Gerardo Young, jornalista e escritor do livro "SIDE. La Argentina Secreta", indicou nesta quinta em declaraes televiso que Stiuso "tem 61 anos e 40 anos de servio", e que investigou desde casos de narcotrfico at o atentado AMIA e a bomba na embaixada de Israel em Buenos Aires, que deixou 29 mortos em 1992.

Segundo ele, "a SIDE atravessou as cloacas da sociedade argentina e os polticos a usaram, quando (os polticos) partem, dizem que no servem para nada".

"Querem tirar [da SIDE] as escutas telefnicas, que so o poder deles, mas os juzes ficam sua merc porque para investigar alguma coisa, tm que pedir a eles", disse Young, jornalista da rdio Mitre, pertencente ao grupo Clarn, crtico a Kircher.

Antes de morrer, Nisman apresentou quatro denncias acusando a presidente, seu chanceler Nstor Timerman e assessores de seu governo pelo suposto acobertamento a ex-governantes iranianos pelo atentado antissemita de 1994.

O promotor deveria explicar sua denncia, mas foi morto na vspera de se apresentar ao Congresso.

Neste sentido, Young disse que "sem Stiuso, Nisman no tinha nada. A denncia contra Cristina (Kirchner) uma denncia de Stiuso e Nisman. Nisman d forma legal ao que Stiuso diz".

Esta a hiptese esboada at agora por Kirchner.

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