Honda fará na Argentina carro para o Brasil

A presidente argentina, Cristina Kirchner, acompanhou nesta terça-feira, 14, o lançamento de uma linha de montagem da Honda, que fabricará 15 mil carros por ano, com investimento de US$ 21 milhões. A produção do HR-V, um crossover compacto no qual Cristina fez questão de posar em vestido de temática oriental, será destinada em 65% para o Brasil. Os demais ficarão no mercado local, encarregado de fabricar inicialmente 21% dos componentes.

O modelo City deixa de ser feito na Argentina. A razão para a troca foi "agregar valor e dar um salto de qualidade", disse Issao Mizoguchi, presidente da Honda América do Sul. A unidade manterá os atuais 1,2 mil funcionários, mas a escala de produção será 2,5 vezes maior. O modelo, apresentado no Japão em 2014 com o nome Vessel, tem capacidade para cinco passageiros e é equipado com motor 1.8 a gasolina. O carro argentino vai complementar a produção do HR-V iniciada recentemente na fábrica de Sumaré (SP).

O anúncio feito na planta de Campana, na Grande Buenos Aires, ocorre em um contexto de retração na produção da indústria automotiva do país. Em 2014, saíram das linhas de montagem argentinas 617 mil veículos, contra 791 mil do ano anterior - uma queda de 22%. Nos três primeiros meses do ano, também houve nova redução, de 17%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre as razões para a baixa estão alíquotas impostas pelo governo à importação de peças e o desaquecimento do mercado brasileiro, para o qual a Argentina manda 80% dos automóveis produzidos. Indicadores do mercado argentino também contribuíram para que as vendas internas tenham se estagnado.

A inflação anual - estimada em 31% por consultorias independentes e em 18%, nas contas do governo - elevou o preço de estacionamento, seguro e gasolina (que aumentou pela quarta vez no ano e hoje custa o equivalente a US$ 1,40 por litro).

Não só o mercado automotivo tem sentido a debilidade da atividade industrial. Hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu uma contração da economia argentina em 0,3% em 2015. Para 2016, previu um crescimento de 0,1%. Diante dos dirigentes da Honda, Cristina mandou um recado aos empresários. "Para aumentar o investimento não é preciso diminuir salários. É preciso reduzir a rentabilidade um pouquinho ou trazer de voltar o dinheiro que mandaram para o exterior", afirmou.

Este ano, a presidente aumentou o número de aparições em inaugurações de fábricas de diferentes tipos, geralmente retransmitidas em cadeia nacional. Hoje, além de ir pessoalmente à fábrica da Honda, a presidente inaugurou uma fábrica de iogurte por teleconferência e anunciou a concessão de crédito a uma unidade de carrocerias de ônibus - o canal público da Argentina exibiu todos os compromissos. Também foi apresentado um laboratório de biotecnologia - momento em que a presidente se equivocou e gargalhou depois de chamar o fermentador da unidade de reator. Em outubro, haverá eleição presidencial, para a qual ela não poderá se candidatar.

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