Não é novidade para ninguém que vários times da Itália têm histórico vencedor graças a grandes jogadores argentinos. Diego Maradona, Javier Zanetti, Esteban Cambiasso, Diego Milito, Gabriel Batistuta e Sebatián Verón, por exemplo, são venerados por torcedores de Napoli, Internazionale, Fiorentina e Lazio, respectivamente. E, com menos de dois anos no Belpaese, dois grandes atacantes estão caminhando a passos largos para se tornarem ídolos de Napoli e Juventus. Trata-se de Gonzalo Higuaín e Carlos Tévez.
‘Pipita’, de 27 anos, e ‘Apache’, de 30, são, atualmente, referências de suas equipes no quesito bola na rede. E na última segunda-feira (22), como já era de se esperar, os dois foram os protagonistas da Supercoppa Italiana, disputada no Catar, Doha, ao anotarem dois gols no tempo normal, que acabara levando o jogo a ser decidido na disputa por pênaltis – vitória napolitana por 6 a 5.
Além disso, os dois jogadores têm números praticamente idênticos – e surpreendentes também – desde quando chegaram à Itália, antes do início da temporada 2013/14. Em 71 jogos com a camisa azzurra, Higuaín marcou 36 gols. Tévez, por sua vez, tem um jogo a menos pelo time bianconero, porém obtém a mesma quantidade de gols. Portanto, uma média próxima a 0,50 gols por jogo. Os números também mostram que a dupla é solidária: 16 assistências para o napolitano contra 15 do juventino.
Higuaín coroou sua temporada de estreia na Itália com o título da Copa Italia sobre a Fiorentina, porém o que chamou atenção foi seu desempenho na Serie A. Em 38 rodadas, ele conseguiu balançar as redes 17 vezes e comandou o time de Nápoles à terceira colocação no campeonato. Na Uefa Europa League, entretanto, não conseguiu repetir o mesmo feito na competição nacional e foi engolido, assim como todo time de Napoli, pelo Viktoria Plzen nos 16 avos de final.
Tévez, por sua vez, também não ficou para trás. Eleito o melhor jogador da Serie A, o camisa 10 marcou 19 gols (vice-artilheiro, atrás somente de Ciro Immobile e Luca Toni, ambos com 22 tentos), sendo fundamental para a conquista do tricampeonato italiano da Juventus. Porém, assim como seu compatriota, não conseguiu conquistar um título fora da Itália. Um fato positivo para o atacante foi a quebra de um indesejado jejum: sem marcar um gol em competições continentais desde 2009, quando ainda atuava pelo Manchester United, ele fez dois contra o Malmö, na estreia da Vecchia Signora na Uefa Champions League 2013/14, e acabou com a sina.
As torcidas de Napoli e Juventus estão, de fato, extremamente satisfeitas com o desempenho dos argentinos em campo. Afinal, a dupla dificilmente passa mais de quatro jogos em branco. Mas quem realmente deve estar feliz pela fase de Higuaín e Tévez é Gerardo Martino, treinador da Seleção Argentina.
Ex-treinador do Barcelona, Martino assumiu o comando da Albiceleste após Alejandro Sabella deixar o cargo mesmo com o vice-campeonato na Copa do Mundo e terá pela frente três grandes desafios: Copa América de 2015 e 2016, Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e Jogos Olímpicos de 2016. Em tese, o treinador manterá a base do time que jogou o Mundial no Brasil, mas com uma exceção feita a Tévez.
O camisa 10 da Juventus foi preterido por Sabella durante todo seu reinado no comando técnico da Argentina – a imprensa argentina alega que Apache não se submetia a uma posição inferior à de Messi dentro de campo –, mas com Tata Martino a história tende a ser diferente. Fora da seleção desde julho de 2011, quando perdeu um pênalti na disputa contra o Uruguai, nas quartas de final da Copa América, culminando na eliminação, o jogador foi convocado novamente para os amistosos contra Croácia e Portugal, realizados em novembro.
Higuaín, por sua vez, deve continuar sendo convocado normalmente, afinal, o jogador não saiu mais da seleção nacional desde a Copa do Mundo de 2010. No Mundial realizado na África do Sul, aliás, o jogador marcou uma tripletta contra a Coreia do Sul, na segunda rodada da fase de grupos. Ele, inclusive, foi titular contra a Alemanha, na final do Mundial no Brasil, mas desperdiçou a grande oportunidade da Argentina na partida ao finalizar uma bola, cara a cara com Manuel Neuer, para a fora.
Em suma, Higuaín e Tévez tiveram um ano espetacular e um início de temporada 2014/15 melhor ainda. Estão voando baixo na Serie A e conseguiram levar suas equipes à fase de mata-mata nas competições europeias, Champions League (Juventus) e Europa League (Napoli). Se mantiverem o ritmo alucinante de 2014 – e a tendência é essa –, a dupla com certeza estará entre os convocados de Martino para a Copa América. E com alguns reforços, sobretudo o Napoli, quem sabe não dá para conquistar um torneio continental e elevar o coeficiente da Itália?