Frio provoca corte no fornecimento de gás às empresas – Tribuna do Norte

Buenos Aires (AE) - A capital argentina e grande parte do país tiveram ontem o dia mais frio do ano, com temperaturas próximas a zero. O inverno que vem chegando é acompanhado por um grave problema para as empresas argentinas: a falta de gás. Para garantir o abastecimento de gás usado no sistema de aquecimento residencial do país, o governo interrompe o fornecimento às indústrias. As dificuldades climativas podem atrapalhar a continuidade da retomada do crescimento registrada no primeiro trimestre, quando o PIB cresceu 3%.

A decisão política do governo de privilegiar o abastecimento doméstico vem ocorrendo desde 2006, quando a crise energética começou a tornar-se visível pela falta de investimentos no setor e queda das reservas de gás e petróleo em campos maduros. Para atender à demanda, o governo vem tentando amenizar a situação com crescentes importações de gás e óleo diesel. Porém, a situação tende a agravar-se, já que faltam dólares para pagar as importações. A combinação custa caro para os empresários, que desde segunda-feira estão recebendo apenas 40% do combustível previsto.

Nos primeiros quatro meses do ano, a Argentina aumentou em 43% a importação de combustíveis, para US$ 3,165 bilhão, segundo dados da estatal Enarsa, única empresa autorizada a importar combustíveis. O déficit da balança energética argentina no período foi de US$ 1,579 bilhão. O país é obrigado a importar cada vez mais gás e combustíveis líquidos para suprir a queda da produção, o que provoca um desequilíbrio na balança comercial.

Os analistas estimam que a conta energética pode chegar a US$ 12 bilhões até o final de 2013, mas o superávit comercial deixaria ao governo um valor menor, em torno de US$ 10 bilhões. Em um contexto de fuga de divisas e menores exportações pela quebra da safra da soja, mesmo com o excessivo controle do governo no câmbio, as contas não fecham.

Por isso, segundo fontes do setor, as importações foram reduzidas e os cortes no fornecimento para a indústria aumentaram de 15 milhões de metros cúbicos diários para 35 milhões. As fontes detalharam que desembarcam menos navios carregados com GNL (gás natural liquefeito) que são regaseificados em unidades instaladas em Bahía Blanca e Escobar. “A informação que temos é de que a chegada dos barcos foi reprogramada e junho teria uns três barcos menos, o que representaria uma falta de 200 milhões m3/mês”, detalhou a fonte.

Para complicar a situação argentina, a petrolífera boliviana YPFB comunicou ao governo argentino que vai aplicar multas se a Argentina não saldar dívida de US$ 180 milhões pela importação de gás boliviano desde março.

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