Fila dobra o estádio para ver a Argentina em Belo Horizonte

Minas Gerais - Parecia até final de Copa do Mundo. A gigantesca fila que circundou três ruas do bairro do Horto, ao lado da Arena Independência, reuniu milhares de brasileiros, alguns argentinos e apaixonados por futebol de todos os estilos. Valia tudo para conseguir um dos quatro mil ingressos distribuídos pela Fifa para ver bem de perto Messi Cia., no treino de hoje, às 18h, da seleção argentina. A fila começou por volta de 14h30 e encorpou ao longo da tarde, levando vários torcedores a enfrentar o frio da noite para conseguir o passaporte para ver o jogador que já foi eleito quatro vezes o melhor do mundo.

“Pedi folga no trabalho para ver Messi e Di Maria e o chefe liberou. O Messi é tudo! Cheguei aqui a uma da manhã. Fiquei 9h e 40 minutos na fila até pegar o ingresso e estou feliz da vida. Valeu demais, vou pendurar o bilhete em um quadro na parede de casa”, disse o torcedor Luiz Augusto, de 18 anos, transbordando de alegria.


Foto:  Reuters

Luiz veio com mais dois amigos, que também não escondiam a ansiedade em ver o argentino de perto. “Fiquei esse tempão na fila para ver o Messi, que é o meu maior ídolo no futebol. Nem acredito que vou ter a chance de vê-lo de perto, praticamente no quintal da minha da casa”, festejou o estudante de economia Davir Varela, de 21 anos, que mora a três quarteirões do estádio. Mas em matéria de fanatismo seria difícil superar a paixão pela Argentina do microempresário Lúcio Renato Santana, de 40 anos.

“Sempre torci para a Argentina, desde os 5 anos de idade. Admiro a raça deles, a entrega. São guerreiros e não desistem nunca. Meu pai até hoje não perdoa a minha escolha. Sou o único da família que torce pela Argentina. Meu ídolo já foi o Maradona, mas hoje é o Messi e posso te garantir que ele vai dar muito trabalho no Mundial”, disse o torcedor, exibindo orgulhoso a camisa do craque.

Renato não demorou a encontrar um parceiro a altura. O argentino Nicolas Caprarolo, de 24 anos, chegou ao Brasil há dois meses e faz do artesanato o seu ganha pão para conhecer o mundo.

“Fui muito bem recebido aqui”, disse. “Estou gostando muito. Espero que a Copa fique entre os sul-americanos. Brasil e Argentina são os favoritos, e a Alemanha também chega forte. Mas quero que a taça fique entre nós”.

A MALDIÇÃO DA VIRGEM DE TILCARA

Desde que Maradona comandou com maestria a Argentina na conquista da Copa de 1986, no México, a seleção passou em branco em mundiais. Em Tilcara, distante vilarejo encravado na Cordilheira dos Andes — a 1.597km de Buenos Aires — todos dizem ter a explicação. Segundo os moradores, nem o talento de Messi será capaz de levar a Argentina a uma nova conquista se não for paga suposta promessa feita à Virgem de Copacabana del Abra de Punta del Corral, ainda em 86.
Naquela época, o treinador Carlos Bilardo, atual diretor técnico da Argentina, levou 14 jogadores (entre eles Maradona) à região para fazer a aclimatação à altitude do México. Eles foram até a pequena igreja local. Ajoelhados na frente do altar, os jogadores teriam jurado, caso conquistassem o título, erguer a taça para a Virgem. O que nunca aconteceu.

“A Virgem é muito milagrosa! Ela aparece paras as pessoas que andam até nove horas na colina para demonstrar sua fé. Acho que os jogadores fizeram a promessa. Ela deve estar aborrecida” disse Javier Choq, morador da região.

Desesperados, os tilcarenses já fizeram de tudo para que os hermanos cumpram a promessa. Foi criado até o site ‘Cumplamos la promesa de Tilcara’ , com 3.811 seguidores, além de comunidades em redes sociais, como “Vuelvan a Tilcara (Retornem a Tilcara). “A promessa de Bilardo tem que ser cumprida”, exige Agustin Vilca, outro morador.

Bilardo nega que tenha feito a promessa. Para resolver o imbróglio celestial, quem sabe o Papa Francisco não entre em campo e interceda para finalmente acabar com a maldição?

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