O atacante passou também por Argentina, Chile, Rússia, Alemanha, França e México. Klopp e Tata Martino já foram seus técnicos; conheça tudo do novo camisa 10 do Palmeiras
Lucas Barrios conhece lugares nos quatro principais continentes do planeta. Aos 30 anos, o argentino, naturalizado paraguaio, tem passagens por clubes de Argentina, Chile, China, Rússia, Alemanha, França, México, e agora Brasil. O novo camisa 10 do Palmeiras revelou que teve dificuldades para se comunicar com os companheiros no Guangzhou Evergrande, onde passava muito tempo ouvindo "cumbia" e "reggaetón", estilos musicais sul-americanos.
A cada nova cidade, uma experiência, e o jogador, que escolheu defender a seleção do Paraguai por causa de sua mãe, revela que Mario Götze é o melhor jogador com quem já atuou, relembra os técnicos que o comandaram (Klopp e Martino estão entre eles) e confirma que está se acostumando ao trânsito da capital São Paulo. Confira a entrevista completa e exclusiva com o craque!
Você passou por vários países, o futebol é sempre o mesmo?
"O futebol é igual em todos os lugares. A El fútbol es igual en todos lados. Às vezes, a concorrência é mais forte em um lugar do que no outro. Mas, sem dúvida, as exigências são as mesmas".
Como lida com os diferentes idiomas?
"O lugar que mais me deu trabalho foi a China, pois os meus companheiros não falavam inglês. Mas mesmo assim, consegui me adaptar sem maiores problemas".
Cesar Greco/Fotoarena/Divulgação
Você falava inglês desde antes?
"Aprendi nos três primeiros meses em que estive na China, porque me comunicava com todas as pessoas. No supermercado se falava inglês, então, eu tive que aprender, por necessidade".
E alemão, sabia quando chegou ao Borussia Dortmund?
"Não falava alemão. Nos primeiros seis meses, estudei bastante, mas com dois anos já falava muito bem o idioma. A experiência no Dortmund foi muito boa. Na verdade, de cada lugar que passei, levei um pouco mais do que só o futebol".
Qual o melhor jogador com quem já jogou junto?
"Mario Götze (no Borussia Dortmund)".
Quando criança, sonhava jogar pela Seleção e ter passado pelos quatro continentes?
"Eu sonhava sempre jogar em alto nível, mas não me importava onde. O destino me levou à estes lugares. Estou muito feliz de ter construído a carreira que tive. Hoje, vou jogar no Brasil. É outro idiota, uma nova aventura"
Fernando Ahúvia/Goal Brasil
E quando chega a uma nova equipe, quais os primeiros passos?
"Trato de ouvir. Ir escutando e prestando atenção no que fala o treinador. Vejo como fala um companheiro de equipe com outro para ver como me desenvolver com o grupo. Trato de ir aos poucos aprendendo o idioma".
E como é com a comida?
"O que eu gostei sobre a China é que eles comem muito peixe, o que é muito saudável. A melhor coisa foi isso. Eu aprendi a comer peixe, o que eu não comia antes e também a comer muitos vegetais também, o que por exemplo, me ajudou muito na minha dieta"
Como é mudar tanto e dormir em tantas camas diferentes?
"É difícil porque em cada país que vou tenho que comprar uma cama nova. Cada vez que saio de um lugar, deixo ela por lá. No Brasil, o clima é tropical. É um novo idioma, uma cultura diferente. Há também diferenças na comida".
Qual o país que mais te surpreendeu?
"A Alemanha, pela maneira como funciona o país. Os clubes tem uma estrutura muito boa. A quantidade de clubes que eles levam aos estádios também é muito impressionante".
Estatísticas de Lucas Barrios na Copa América 2015 pelo Chile:
Na Copa América, voltou ao Chile. Foi onde você viveu seu melhor momento como jogador?
"O futebol chileno me deu muito. Eu agradeço muito do que tive na minha carreira ao Chile, ao que pude conquistar lá. O país me abriu as portas para o futebol. Jogar em uma equipe grande como o Colo Colo foi ótimo para a minha carreira, me levou par a Europa. Voltar ao Chile foi algo muito bom. Creio que fizemos um bom trabalho com a seleção e recebi muito carinho dos torcedores".
Quais treinadores foram suas referências?
"Um deles é Ricardo Gareca. Claudio Borghi também foi muito importante em minha passagem pelo Colo Colo, ele me ajudou a ter rápida adaptação no futebol chileno. Depois, Jürgen Klopp, que mudou meu estilo de jogo logo que cheguei na Europa. Tata Martino também foi importante, me levou à seleção [paraguaia] em 2010 e eu agradeço por isso sempre".
Falou com Gareca sobre o Palmeiras?
"Sim, falei outro dia com ele, quando Paraguai e Peru jogaram, pela disputa do terceiro lugar. Conversamos depois que as medalhas foram entregues e ele me disse: “Lucas, você vai para o Palmeiras?. E então, concluiu “Aproveite, porque é um grande clube e valerá muito a pena para você”.
Estatísticas de Lucas Barrios pelo Montpellier (seu último clube) na Ligue 1:
Quem é mais divertido, Borghi ou Klopp?
"Borghi, porque eu sabia o que ele dizia, devido ao idioma. Klopp obviamente é muito simpático, mas Claudio era mais divertido. Quando eu cheguei ao Colo Colo, ele se apresentou dizendo: “Olá, sou Claudio Borghi, campeão do mundo".
Como você definiria Tata Martino?
"Martino é um treinador que trabalha muito. Hoje está na Argentina e tem outro tipo de jogadores e não tenho dúvidas de que fará um grande trabalho lá. Sempre propõe aos jogadores que pressionem o adversário e quer que a equipe jogue para frente".
A cada mudança de país, você vai sozinho?
"Ao único lugar que fui sozinho foi a China, pois não estava casado. Agora, minha família me acompanha a todos os lados. São muito importantes para mim".
Como está a adaptação à São Paulo?
"São Paulo é uma cidade muito grande. Estou me adaptando ao clima, ao trânsito. Estou buscando casa e carro. Os primeiros dias deram muito trabalho. Estou muito contente pela decisão de assinar com o Palmeiras".
Tem algo que você leva à todos os lugares?
"Levo equipamento para recuperação física. Máquinas de Kinesiologia, para poder me recuperar mais rápido. Além disso, levo equipamentos de som também, para ouvir música".
E nos vestiários, deixam colocar a sua música?
"Sim. Na China, uma vez, eu coloquei reggaeatón e cumbia. Os chineses não entendiam nada do que dizia a letra, mas acompanharam o ritmo".
Quando se aposentar, onde você vai viver?
"Não sei onde vou viver, mas na Argentina certamente, pois tenho meu filho e quero passar o tempo que perdi com ele. Mas, pretendo passar por todos os lugares onde já estive. Sempre deixei bons amigos por onde passei. Deixei portas abertas por onde passei. Quando parar de jogar, visitarei e aproveitarei isso".