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Ex-general argentino é condenado a prisão perpétua pela oitava vez por crimes na ditadura

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O ex-general Luciano Benjamín Menéndez (direita) justificou seus atos pelo combate à "subversão marxista internacional"

O ex-general Luciano Benjamín Menéndez foi condenado, nesta sexta-feira (07/12), pela oitava vez, a prisão perpétua por crimes cometidos durante a ditadura argentina (1976-1983), quando cerca de 30 mil pessoas foram assassinadas ou desapareceram, segundo organizações de direitos humanos.

Condenado na província de La Rioja como coautor na prisão ilegal e homicídio triplamente qualificado de dois sacerdotes – ações classificadas pelo tribunal como “crime contra a humanidade”-, o ex-comandante do Terceiro Corpo do Exército, hoje com 85 anos, cumprirá suas sentenças na penitenciária de Ezeiza, na região metropolitana de Buenos Aires.

Menéndez foi o comandante máximo das atividades do Exército em dez províncias argentinas durante o período de repressão, fato pelo qual acumula, além das sete sentenças perpétuas atuais, numerosas acusações por violações aos direitos humanos.

O ex-vice-comodoro, Luis Fernando Estrella, e o ex-delegado de polícia Domingo Benito Vera também foram condenados a prisão perpétua pelos mesmos crimes. Ambos cumprirão a sentença no serviço penitenciário de La Rioja. Ao fim do julgamento, ativistas, membros de organizações de direitos humanos e de comunidades cristãs celebraram a decisão do tribunal.

Durante a leitura da sentença, o juiz responsável pelo caso teve que gritar repetidas vezes, de forma brusca, a ordem de “silêncio na sala”, frente à manifestação dos presentes, que comemoravam as sentenças perpétuas “por unanimidade” e a revogação do pedido de prisão domiciliar a Menéndez e aos demais condenados. Antes mesmo do fim da leitura, alguns dos presentes invocaram o nome dos sacerdotes, ao que respondiam “presente!”.

Segundo a imprensa local, Menéndez fez seu último pronunciamento por vídeoconferência, na qual afirmou que o julgamento de “supostos culpados de supostos crimes” é “inconstitucional”. O ex-general voltou a repetir o discurso sustentado pela cúpula da ditadura, da existência de uma “guerra contra a subversão marxista internacional”, que justificaria seus atos.

Ao serem sequestrados em julho de 1976, na província de La Rioja, os sacerdotes Carlos de Dios Murias e Gabriel Longueville foram interrogados e torturados em uma base da Força Aérea Argentina. Seus corpos foram encontrados com vendas nos olhos e marcas de torturas um mês depois.

Segundo parentes dos sacerdotes, uma das características da repressão na região foi a perseguição de religiosos comprometidos com o movimento rural, que reivindicavam o direito dos camponeses à terra. De acordo com a secretaria de Direitos Humanos, dependente do Ministério de Justiça, há numerosas provas que atestam a perseguição a sacerdotes pelos repressores.

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