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A Efacec ganhou cinco milhões com esta encomenda. O grupo está preparado para a entrada de um investidor.
Um Antonov 124 - um dos maiores aviões de carga do mundo -, estacionado no aeroporto do Porto, era ontem o centro das atenções das equipas do grupo electromecânico Efacec, aeroportuárias e jornalísticas. O avião ia transportar para a Argentina um equipamento eléctrico com 80 toneladas - dividido em três módulos - e cerca de 40 metros de comprimento produzido na Efacec. A segunda subsestação móvel encomendada pelo país liderado por Cristina Kirchner à Efacec deverá estar por estas horas a aterrar em Buenos Aires, depois de escalas para abastecimento em Dakar e Recife.
A encomenda da Edesur, a eléctrica de Buenos Aires, constituiu um desafio para a Efacec, grupo com conhecimento firmado na produção deste tipo de equipamento. O grupo português ganhou em concurso público internacional a produção de uma unidade, com base nos critérios de qualidade técnica e preço, e garantiu a produção de duas outras subestações móveis quando o outro concorrente admitiu não ser capaz de cumprir os prazos de entrega. A Edesur lançou o concurso em Maio com a obrigatoriedade das subestações estarem a funcionar em Dezembro e um equipamento deste género demora normalmente um ano a ser fabricado.
O único senão para a Efacec era o transporte. Normalmente, uma subestação móvel é transportada por navio, o que para a Argentina significaria uma viagem de mês e meio. A Edesur não esteve com meias medidas e decidiu investir três milhões de dólares (mais de 2,4 milhões de euros) no aluguer de transporte aéreo. O objectivo é que não falte energia ao Natal argentino. Para a Efacec, estas três subestações móveis (a última voa para a Argentina na próxima segunda-feira) valeram mais de cinco milhões de euros. João Bento, presidente executivo da Efacec, adiantou que a Edesur tem a "intenção de duplicar a encomenda", assegurando que não existe risco de não pagamento já que as condições acordadas tiveram em conta o risco país.
Reestruturação em recta final
A unidade da Efacec da Argentina é hoje um centro de assemblagem. "Deixou de ser decisiva para suprir aquele mercado e os países vizinhos", disse João Bento. O gestor redesenhou nos últimos anos a estratégia da Efacec, que implicou uma refocalização ao nível dos mercados e locais de produção. Exemplos disso são as unidades da Índia que passaram a ter um papel "muito importante na média tensão", a fábrica de transformadores dos Estados Unidos que está prestes a ser vendida e o Brasil que passou a ser um mercado para a exportação de equipamentos e soluções, sem produção, referiu.
A reestruturação está quase concluída, o que poderá impulsionar a entrada de um co-investidor. Como frisou João Bento, "há investidores interessados em co-investir na Efacec", sem contudo revelar identidades e origens. A chinesa State Grid, accionista da REN, tem sido apontada como interessada na electromecânica portuguesa.