"Direto da Redação": Chores por mim, Argentina

“No llores por mi Argentina... Mi alma está contigo.... Mi vida entera te la dedico... Mas no te alejes, te necesito”. Essa é a canção mais conhecida do musical Evita, de 1978. Uma das principais figuras do movimento peronista, Eva Perón, ou simplesmente Evita, conquistou os argentinos com sua política populista. 

Bons tempos aqueles em que a figura de Evita representava a esperança para os necessitados. Os últimos dias, na Argentina, foram o retrato da falência do jeito populista de governar. Exportador importante, o país está envolto em uma espiral inflacionária e assiste a moeda local — o peso — virar pó. 

A turbulência cambial pode provocar a elevação de preços e causar danos ainda mais severos à economia. O quadro para 2014 na Argentina pode ser ainda pior: analistas já trabalham com inflação em mais de 40% – dos atuais 30%, segundo entidades privadas – associada à recessão e conflitos sociais.

Por aqui, a situação também não é das melhores. Embora a crise cambial não seja uma ameaça para o Brasil, por conta, principalmente, do tamanho de nossas reservas, a inflação é um grande problema. Os juros, que já estão altos, devem subir novamente, voltando ao nível de três anos atrás, pressionados pelo avanço dos preços.

Do outro lado do mundo, as perspectivas são desanimadoras.  A China começou o ano dando sinais de enfraquecimento – como mostrou o índice de gerente de compras do setor industrial de janeiro – e com intervenções extraordinárias do banco central em meio à ameaça de uma crise de liquidez. Em 2013, o “gigante” asiático beirou sua pior performance econômica, encerrando o ano com expansão de 7,7%. 

Na Turquia, assim como na Argentina, a moeda local – a lira – se desvaloriza a cada dia. Por causa disso, o banco central do país deve inaugurar hoje uma ferramenta: a taxa de financiamento de 9%, que será usada em dias extraordinários de aperto monetário adicional.

O fato é que o conjunto de políticas equivocadas usadas para estimular a economia dos países emergentes precisa passar por mudanças drásticas. “Sem dor, não há ganhos”, disse o economista Liu Ming Kang, que já chefiou a regulação bancária da China. Por isso, os próximos capítulos desta história devem ser de reformas e sacrifícios econômicos. 

O mais curioso de tudo isso é que enquanto países como Brasil, Argentina, China e Turquia buscam uma nova fórmula para recolocar suas economias nos trilhos do crescimento sustentável , o Paraguai corre por fora nessa disputa. O país registrou em 2013 o terceiro maior crescimento mundial – com uma taxa de 14,1%. Vá entender as voltas que o mundo dá.

 

Leave a Reply