Dilma sugere maior integração para melhorar relação com Argentina
Agência Efe
Em viagem à Argentina, Dilma Rousseff defendeu maior integração entre os dois países em diversas áreas
Após reunir-se com a anfitriã Cristina Kirchner, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (28/11), durante o encerramento da 18ª Conferencia da União Industrial Argentina (UIA), que o equilíbrio nas relações comerciais entre os dois países deve ser alcançado por meio de maior integração.
“O objetivo é superar os entraves para que possamos expandir nossos financiamentos. A Argentina é o maior mercado industrial para o Brasil e o Brasil é o maior mercado industrial para a Argentina”, afirmou a presidente.
Fazendo evidente referência ao protecionismo do país vizinho, Dilma disse que “o equilíbrio não pode ser obtido com base na redução”, mas sim no aumento dos níveis de comercio.
Segundo a mandatária, o Brasil deseja que os produtos argentinos participem em proporção maior em seu mercado. “Jamais podemos considerar a possibilidade de menos integração, porque isso seria um erro histórico imperdoável”, garantiu ela em seu discurso, sucedido pelo pronunciamento de Cristina Kirchner, a quem chamou de “amiga”.
Dilma afirmou querer a intensificação de todas as relações entre os países, incluindo as áreas de crédito e financiamento. Entre as necessidades mencionadas pela presidente brasileira para que a associação bilateral supere entraves estão o fortalecimento de setores industriais, a integração de cadeias produtivas, além de cooperação em áreas como ciência, tecnologia e educação.
A integração produtiva entre empresas brasileiras e argentinas foi um dos temas mais presentes na conferência industrial, que teve início nesta terça-feira (27/11), na cidade de Los Cardales, na região metropolitana de Buenos Aires. Para Dilma, hoje os países têm “maturidade política e econômica para cooperar e um quadro internacional que nos impõe essa necessidade”.
“A volta da democracia soterrou as rivalidades do passado, já que a Argentina e o Brasil são sócios comerciais de primeiro nível e investidores de peso”, garantiu Dilma, lembrando que, enquanto há dez anos o intercâmbio comercial bilateral não superava 7 bilhões de dólares, a cifra chegou a 40 bilhões em 2011. A mandatária admitiu, no entanto, que para a dimensão dos dois países, o saldo ainda é insuficiente.
Otimismo para 2013
A cifra de intercâmbio com o país vizinho deve alcançar neste ano 34 bilhões de dólares, o segundo melhor desempenho comercial da história. Segundo ela, não é possível negar o impacto das “restrições administrativas no intercâmbio bilateral”, mas os números de 2012 refletem a diminuição do consumo não só na Argentina, como em diversos países do mundo.
Agência Efe
O ministro da Indústria, Fernando Pimentel, que também participou da conferência, afirmou à imprensa que a conversa com sua par argentina, Debora Giorgi, foi muito “cordial para o melhoramento do comércio bilateral”. Segundo ele, o superávit brasileiro com o país diminuiu em relação aos anos anteriores devido à crise internacional, que depreciou o preço das commodities e diminuiu a presença argentina no mercado internacional.
“Não vamos pegar 2012 como exemplo do que pode ser nossa relação. No ano que vem vai melhorar”, disse, otimista.
Segundo o presidente da UIA, José de Mendiguren, “não cabe dúvida” aos industriais de ambos os países que Brasil e a Argentina serão “uma potência em nível mundial”, se atuarem articulados.
Em seu discurso, Dilma sinalizou a necessidade de “reduzir assimetrias e buscar relações que ultrapassem o marco comercial”, citando áreas estratégicas como as indústrias naval, nuclear, espacial, de infraestrutura, científica, tecnológica e de pesquisa, financeira, defesa, aeronáutica, televisão digital e tecnologia da informação.
China
Dilma se somou às críticas de alguns empresários brasileiros ao governo argentino quanto ao desvio de comércio recíproco em beneficio de outros parceiros. “Podemos ter [parceiros extra-regionais], mas não em detrimento do avanço das nossas relações bilaterais”, queixou-se. O principal alvo das críticas de industriais brasileiros é o aumento das importações argentinas de produtos chineses.
Antes do discurso da presidente, o chanceler Antonio Patriota afirmou aos jornalistas brasileiros que a China é um novo fator na equação brasileira e regional “que traz enormes possibilidades”. “Estamos examinando como fazer com que esta relação próxima ofereça os maiores benefícios possíveis. Mas existem setores em que ela cria dificuldades, disso não há dúvidas”.
“Não queremos vender [para a China] só minério de ferro, petróleo e comprar manufaturados. Queremos diversificar nossa atividade exportadora, atrair investimentos produtivos para o Brasil. Isso é possível, mas exige uma articulação e um planejamento”, argumentou Patriota.