Cristina Kirchner tenta atenuar efeito de panelaço

O governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, esforçava-se nesta sexta-feira para minimizar o impacto do “panelaço” de protesto da véspera, do qual mais de 700 mil pessoas participaram, segundo cálculos da polícia. Os manifestantes repudiaram os escândalos de corrupção dos integrantes do governo, a escalada da inflação e o aumento da criminalidade, entre outros temas.

Até a residência presidencial de Olivos, onde estava a presidente Cristina, foi rodeada por 30 mil pessoas que se manifestaram contra sua administração e seus gastos em luxos, entre eles, os RS$ 1 milhão destinados à reforma de um banheiro da Casa Rosada. No interior do país centenas de milhares de pessoas também protestaram batendo panelas. O panelaço foi convocado pelas redes sociais e não teve a participação oficial dos partidos políticos da oposição.

Os analistas sustentam que o panelaço da quinta-feira à noite foi a maior mobilização popular ocorrida desde os tempos da volta à democracia, em 1983. No entanto, os membros do governo tentavam na sexta-feira reduzir seu impacto.

“Poucas pessoas. Foi um fracasso”, analisou o piqueteiro Luis D’Elía, o principal líder social aliado do governo Kirchner. Fervoroso kirchnerista, D’Elía sustentou que “somente 50 mil pessoas se manifestaram na cidade de Buenos Aires”.“Essa manifestação não me tira o sono. Não sei até onde é necessário levar esse tipo de coisa em conta”, afirmou o senador Aníbal Fernández, braço direito da presidente Cristina no Senado. Segundo Fernández, que foi chefe do gabinete de Cristina, a manifestação foi organizada pelo prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, de oposição, além da Sociedade Rural e simpatizantes da ditadura militar (1976-1983).

Cristina evitou nesta sexta-feira referências diretas ao panelaço. No entanto, durante um discurso a um grupo de prefeitos, ela defendeu o “modelo” kirchnerista e sustentou que existe uma “falta de líderes políticos que representem um modelo alternativo”.

Os líderes da oposição não participaram das marchas desta quinta-feira e também mantiveram discrição nas redes sociais na internet. O prefeito Macri foi um dos poucos a se manifestar e disse que a presidente “deveria ouvir os pedidos do povo”.

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