Cristina Kirchner desiste de disputar cargos, mas lança o filho como …

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, finalmente decidiu não concorrer a cargo algum nas eleições deste ano, mas colocou dirigentes kirchneristas em candidaturas-chave para as primárias das quais participarão 13 chapas presidenciais. A decisão de Cristina foi a grande surpresa do fechamento das listas na meia-noite deste sábado (20), já que grande parte da imprensa local especulava que a presidente concorresse pelo menos por uma cadeira no parlamento do Mercosul para obter privilégios legislativos.

Cristina, que no próximo dia 10 de dezembro deixará a presidência ao completar seu segundo mandato, se assegurou, no entanto, de colocar à frente das listas para cargos legislativos vários de seus ministros e influentes dirigentes do movimento La Cámpora, incluindo o fundador desse grupo, seu próprio filho, Máximo Kirchner.

Patrimõnio de Kirchner cresceu 16% em 2014

O analista Patrício Giusto, diretor da empresa de consultoria Diagnóstico Político comentou que a presidente deve se manter reclusa a partir de dezembro.

— Sempre e desde que sua situação judicial e a de seu entorno não piore substancialmente, a presidente provavelmente ficará reclusa a partir de dezembro em El Calafate, seu 'lugar no mundo".

Continuidade do projeto kirchnerista

Cristina também garantiu que o parceiro do único candidato a presidente que o partido governante Frente para a Vitória apresentará nas primárias do 9 de agosto, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, seja um homem de sua extrema confiança e que garanta a continuidade do projeto kirchnerista no caso de um triunfo governista nas presidenciais de outubro.

Trata-se de Carlos Zannini, a cargo da Secretaria Legal e Técnica da presidência desde maio de 2003, quando o marido e antecessor de Cristina, o falecido Néstor Kirchner, assumiu o governo. Zannini será o candidato a vice-presidente de Scioli, que até pouco tempo atrás era visto com desconfiança pelo núcleo duro do kirchnerismo. Para o analista Rosendo Fraga, da empresa de consultoria Nova Maioria, mesmo não concorrendo, a presidente arrastará votos se envolver-se ativamente na campanha.

— O importante é seu papel na campanha: se fizer campanha dizendo 'estes são meus candidatos', isso surtirá efeito.

No fim das contas, as listas do governo para os postos mais importantes ficaram em mãos de kirchneristas puros e não de dirigentes ligados a Scioli. Por exemplo, o ministro da Economia, Axel Kicillof, liderará a lista de candidatos a deputados pela capital, enquanto o secretário-geral da presidência e dirigente camporista, Eduardo "Wado" De Pedro, ficou em primeiro lugar na lista de candidatos a deputados pela província de Buenos Aires.

Por sua vez, Máximo Kirchner, de 38 anos, liderará a lista do governo para deputados pela província de Santa Cruz, berço do kirchnerismo. Para Giusto, "evidentemente, Cristina considerou que, com Zannini à sombra de Scioli e os líderes de La Cámpora disseminados no Congresso Nacional e nas províncias, a continuidade do 'modelo' está garantida para os próximos quatro anos". "E, caso Scioli perca, com essa estratégia, pelo menos está garantida a continuidade do kirchnerismo através da grande representação legislativa que conservará", comentou o analista.

Fraga ainda acredita que Cristina "sai da presidência olhando para 2019, ganhe quem ganhar este ano". As enquetes coincidem por enquanto que Scioli será o mais votado nas primárias de agosto, com um índice de respaldo que oscila entre 30% e 35%. O resto dos votos se divide em uma oposição fragmentada - 12 chapas opositoras se inscreveram para as primárias -, mas, segundo as pesquisas, o melhor posicionado para disputar o poder com Scioli é o prefeito de Buenos Aires e líder do partido conservador Proposta Republicana (Pró), Mauricio Macri.

Em terceiro aparece o líder da Frente Renovadora, o peronista dissidente Sergio Massa, que nas últimas semanas sofreu vários percalços em seu campo político.

— O fundamental aqui é a não aliança entre Macri e Massa. Isso afastou a oposição do poder. Macri está em segundo, mas não é o Macri ganhador de 40 dias atrás. Houve eleições locais que não lhe foram favoráveis, mas ainda é o principal candidato da oposição.

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