O número de assaltos obrigou comerciantes do bairro Água Verde, em Curitiba, a rever o horário de funcionamento das lojas. Em uma rápida conversa com lojistas instalados nas proximidades da Praça Maria Polenta, cruzamento da Getúlio Vargas com a República Argentina, e ao longo da Avenida República Argentina, sentido Portão, não há um que não tenha sido vítima de um assalto. Farmácias e panificadoras, que ficavam abertas até as 20 horas nos dias de semana e finais de semana, fecham uma hora mais cedo e já não abrem mais as portas aos domingos e feriados.
Na Rua Otávio Francisco Dias, a Panificadora Carrossel já foi assaltada 34 vezes, sendo 8 apenas neste ano. A gerente da loja, Odete Schapinsky, conta que dia de chuva é certeza de assalto. “Depois que houve a instalação da UPS (Unidade Paraná Seguro) no Parolin, parece que os assaltos aqui nesta região aumentaram”, conta. Ela revela que, ao contrário do que se imagina, não são os mendigos que assaltam a padaria. “É gente de fora. Eles chegam de carro e roubam apenas o dinheiro”, diz.
Funcionando há 30 anos, a Carrossel não abre mais aos domingos. “Não dá para abrir mais, pois não temos segurança nenhuma, falta um policiamento mais ostensivo”, afirma. “Nos dias de semana, dependendo do movimento fechamos mais cedo, porque não dá para ficar mais até as 20 horas, como antes”, conta.
Em outro estabelecimento assaltado recentemente — foi na quarta-feira passada —, o gerente da tarde concordou em falar com a reportagem, mas sem ser identificado. Ele contou que os assaltantes levaram o dinheiro do caixa e dos clientes que estavam tomando café na panificadora. Mas afirmou que a loja dele, perto de outras, não era um alvo tão comum. “Tem lojas, mais para o miolo do bairro, que são assaltadas quase todos os meses”, disse.
Uma farmácia ao lado foi assaltada seis vezes. “Antes eles levavam perfumaria e o que achavam, mas nos últimos assaltos levaram apenas o dinheiro”, conta Carlinda Alves Bertucci, uma das sócias da farmácia. Ela relata que, devido à falta de policiamento no bairro, quando a polícia chega para atender à ocorrência acaba assustando ainda mais. “Eles demoram mais de uma hora para atender aos chamados e, quando chegam fazendo barulho, com a sirene ligada, assustam ainda mais. Aí ficam fazendo um monte de perguntas para a gente. Enquanto isso, os assaltantes já deram no pé faz tempo”, diz.
Faixa
Protesto
Há alguns dias, uma faixa de protesto estendida na passarela sobre um córrego, resume o sentimento da população. Ela pede à administração pública ações para limpar o bairro, melhorar a segurança e acabar com mau cheiro na região da Rua Dom Pedro I. Em letras garrafais a faixa chama a atenção para o abandono do bairro.