Alejandro Sabella sempre disse não "desfrutar" do cargo de técnico da seleção. Ele reclama que tudo é sempre mais difícil, tem maior repercussão e as pessoas se apegam aos mínimos detalhes para criar tempestade em um copo d'água.
"É um emprego bem difícil. Não tenho tempo para me divertir. Não existe isso. É mais uma missão do que qualquer outra coisa", disse ele à reportagem em entrevista no final de março.
Ele sabe que está prestes a enfrentar mais um cavalo de batalha. Se for confirmada a lesão de Sergio Agüero no jarrete esquerdo, região atrás do joelho, e o atacante não puder enfrentar a Suíça, pelas oitavas de final, na próxima terça-feira (1º de julho) vai renascer uma das conversas que mais aborrecem o treinador: o esquema tático.
"Não posso falar nada enquanto Kun [Agüero] não for avaliado", se limitou a dizer. Isso deve acontecer nesta quinta (26).
É uma discussão que envolve formação ofensiva e que passa pelo temor a respeito da qualidade técnica de defesa exposta algumas vezes por uma Nigéria que não está entre as favoritas para o título mundial. Mesmo contra o Irã, teoricamente o time mais fraco do grupo F, a Argentina só não levou gol por causa do goleiro Sergio Romero.
"Quando você tem um ataque dessa qualidade, precisa aceitar que a defesa ficará sobrecarregada. Não há muita saída. A gente precisa confiar que nossos jogadores da frente vão resolver a partida", constatou o lateral Pablo Zabaleta após o triunfo sobre os africanos.
Na quarta (25) à noite, surgiram boatos na imprensa argentina que "representantes" do grupo de jogadores queriam conversar com Sabella. De acordo com a Rádio América, de Buenos Aires, eles sentem que, com o 4-3-3 usado nas últimas duas partidas, a Argentina será eliminada antes de chegar perto da taça.
Ninguém na AFA (Associação de Futebol Argentino) confirma o assunto ou qualquer reunião.
"Os jogadores sabem que podem falar comigo a qualquer momento. Temos abertura para isso. Sobre futebol e esquemas [táticos], falo com os jogadores. Não com vocês [jornalistas]", deixou bem claro o técnico na semana passada.
A possível ausência de Agüero pode ser a desculpa ideal para Sabella voltar a um esquema mais conservador. Talvez não o 5-3-2 -formação que iniciou diante da Bósnia, escolha que deixou Messi isolado e preso à marcação por 45 minutos. O camisa 10 não fez muita questão de esconder a preferência pelo 4-3-3, sob a alegação de que foi assim que a seleção se saiu bem nas eliminatórias.
O temor é que a defesa seja sobrecarregada. A opção do treinador poderia ser reforçar o meio-campo e apelar para um 4-4-2 pouco utilizado. Enzo Pérez, capaz de funções criativas e de marcação, seria candidato a entrar. Se quiser simplesmente continuar com os três atacantes, Ezequiel Lavezzi tem velocidade e força física para ajudar mais no acompanhamento do lateral adversário.
Sabella não comentou nada disso, por enquanto. Ele espera por uma posição definitiva a respeito de Agüero. Jogador que, na primeira fase, decepcionou.