Comemoração dos dez anos de era Kirchner traz críticas à "década ganha"
Efe
Presidente argentina Cristina Kirchner durante comemoração da independência do país e da era Kirchner
Após a comemoração dos dez anos da era Kirchner neste sábado (25/05), a oposição argentina os definiu neste domingo como a "década perdida" e criticou a mega comemoração com que o governo lembrou ontem os 203 anos da independência do país e a posse como presidente de Néstor Kirchner.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, falou ontem em somar "outra década ganha – não pelo governo, mas pelo povo" à atual, baseada na solidariedade dos argentinos e na luta pela igualdade. “Não sou eterna e tampouco quero ser”, disse. Leia aqui o discurso completo.
As principais reações de deputados opositores foram divulgadas pelo Twitter com a hashtag #LaDékadaPerdida, em que a deputada Margarita Stolbizer, da FAP (Frente Ampla Progresita), afirma que esses dez anos "marcam um importante retrocesso em matéria de qualidade institucional e uma perda de oportunidades".
O peronista dissidente e deputado nacional Francisco de Narváez, por sua vez, escreveu: "Nós não queremos outra década como esta. O limite é vencer a eleição de outubro e vamos fazer isso", acrescentando que "4 de 10 menores de 18 anos são pobres e o desemprego aumenta. De que década ganha fala @CFKArgentina (Cristina Kirchner)?".
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Festa de comemoração em Buenos Aires contou com fogos e apresentações musicais
Patricia Bullrich, deputada nacional e presidente do bloco Unión por Todos, analisou o discurso pronunciado ontem pela governante argentina. A pátria é o 'outro'”, disse Cristina Kirchner, “mas como o ‘outro’ é inimigo pela natureza K, a pátria é seu inimigo", escreveu Bullrich.
Por sua vez, o ex-presidente do Banco Central argentino, Martín Redrado, questiona se a inflação pode ser vencida com o programa "Olhar para Cuidar", proposto pelo governo de Fernández, que consiste em enviar militantes kirchneristas para vigiar os preços. "Quanto à inflação, será vencida assim ou com um plano econômico pró-investimento que aumente a oferta de bens e serviços?", diz.
Milhares de pessoas acompanharam no sábado o Executivo de Cristina na Praça de Maio para comemorar os 203 anos da Revolução de Maio, quando os argentinos expulsaram o governo espanhol e criaram a primeira junta governante nacional, e lembrar o falecido ex-presidente Néstor Kirchner.
A governante encerrou a celebração, que teve shows, espetáculos e queima de fogos, com um discurso em que analisou as conquistas do kirchnerismo nesta década e pediu aos argentinos "que tenham memória, sejam inteligentes, e pensem na pátria".
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Milhares de argentinos se reúnem na Plaza de Mayo para comemorar era kirchnerista
O deputado Agustín Rossi disse que "quando se analisa qualquer indicador, é possível ver que a Argentina está muito melhor do que há dez anos". Ele acrescentou que "deve ter muita gente que há dez anos tinha um carro que não podia trocar e agora pode. Que há muito tempo não tinha férias e que agora tem".
O ministro do Trabalho, Carlos Tomada, disse que durante os dez anos da era Kirchner ocorreu a recuperação da "cultura do trabalho". Segundo ele, a data serve para "recordar o que foi construído no período e renovar o compromisso com tudo o que ainda falta ser feito"
Os movimentos sociais que participam das comemorações chegaram cedo. Na praça podem ser vistas siglas de vários movimentos como a União dos Trabalhadores Metalúgicos e União dos Trabalhadores da Construção da República Argentina, além de bandeiras que identificam municípios como Lanús, Lomas de Zamora e San Martín.
A era Kirchner também é marcado por alguns embates econômicos com o Brasil. Apesar do comércio entre Brasil e Argentina ter aumentado de US$ 7 bilhões para US$ 40 bilhões nos últimos dez anos, também cresceram barreiras comerciais que restringem o comércio de produtos agrícolas e industriais nos dois lados da fronteira.
A suspensão de uma obra bilionária da Vale na Argentina e a venda de ativos da Petrobras no país vizinho são as evidências mais recentes das diferenças entre os dois países. No mês passado, as presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner se reuniram em Buenos Aires para tentar resolver os desentendimentos entre empresas brasileiras e autoridades argentinas.
* Com informações de Efe, Agência Brasil e Clarín
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