Citroën mostra o novo C4 Lounge

Já faz tempo que a Citroën perdeu o fôlego no segmento de sedãs médios. No ano passado, o C4 Pallas patinou na média mensal de 330 unidades, bem longe dos 1.200 emplacamentos dos bons tempos e mais ainda dos líderes Toyota Corolla e Honda Civic, que vendem em torno de 4.500 carros por mês. A marca francesa, no entanto, volta ao jogo agora com o novo C4 Lounge. O modelo é baseado na plataforma do novo C4 hatch europeu, que só chega aqui no ano que vem, e tem no acréscimo de tecnologia e desempenho seus principais argumentos para tentar abocanhar as almejadas 1.500 unidades mensais. As vendas começam no final de setembro.

Além de engarrafar ainda mais o mercado brasileiro de sedãs médios, o C4 Lounge tem uma outra missão, mais ampla e ainda mais complicada. O modelo chega para ajudar na tarefa da filial latino-americana de aplacar a crise vivida pelo grupo PSA Peugeot-Citroën na Europa. O modelo três volumes argentino será mais um que vai tentar reduzir a dependência das vendas europeias e driblar a recessão local. “Por ser destinado à América Latina, China e Rússia, terá grande peso para a PSA aumentar suas vendas fora de Europa, algo fundamental no processo de recuperação do grupo”, afirma Carlos Gomes, presidente da PSA América Latina.

As mudanças mais marcantes do C4 Lounge estão no design. A frente ostenta a atual identidade visual global da marca. O capô apresenta dois vincos bastante pronunciados que conferem agressividade à vista frontal do carro. A grade dianteira remete à utilizada no C3, com frisos cromados que vão de um farol a outro e formam, ao centro, os “chevrons” do logotipo da Citroën.  Abaixo, luzes diurnas de LEDs em forma de “L”. Nas laterais, mais vincos, com destaque para os inseridos nas caixas de rodas traseiras, que dão um perfil másculo ao carro. A última coluna é mais inclinada, o que diminui a massa no balanço traseiro. Na traseira, lanternas bipartidas com filetes de LEDs, ligadas por um friso cromado.

O sedã conta duas opções de motores. A primeira, oferecida na versão de entrada e nas intermediárias, é o 2.0 flex, que entrega 143 cv de potência com gasolina ou 151 cv com etanol, sempre a 5.250 rpm. O torque é de 20,2 kgfm e 21,7 kgfm, respectivamente, alcançado aos 4.000 mil giros. A unidade de força pode ser acoplada a um câmbio manual de cinco velocidades ou a uma nova caixa automática de seis marchas que, finalmente, aposenta a “caquética” de quatro relações que reprimia as vendas do Pallas. O outro propulsor, disponível apenas no modelo de topo da gama, é o 1.6 THP a gasolina. O propulsor turbo oferece 165 cv a 6.000 rpm e torque de 24,5 kgfm desde as 1.400 rpm até os 4.000 giros. Para essa motorização, a transmissão é sempre a automática de seis velocidades.

O C4 Lounge mantém a distância entre-eixos do Pallas, ou seja, 2,71 metros. Mas a Citroën resolveu valorizar o acabamento. O painel de todas as versões é revestido pelo mesmo material emborrachado usado no DS4 e as portas são forradas com um tecido “soft-touch”.

As versões seguem a nomenclatura inaugurada no Brasil pelo hatch C3. A de entrada é a Origine, que conta com ar-condicionado manual com saída de ar no console traseiro, volante multifuncional, computador de bordo, freios ABS com EBD, trio elétrico, airbags frontais, faróis de neblina, direção eletro-hidráulica, rádio/CD/MP3/Bluetooth e coluna de direção ajustável em altura e profundidade. Esta configuração custa R$ 59.990, sempre com câmbio manual. A intermediária Tendance deve representar 50% do mix e ainda conta com ar-condicionado automático de duas zonas, sensores de estacionamento traseiro, crepuscular e de chuva e retrovisor interno eletrocrômico, por R$ 62.490 ou R$ 66.990 com o câmbio automático.

Já na Exclusive 2.0, oferecida por R$ 72.490, o sedã passa a oferecer sistema keyless, controle de estabilidade, airbags laterais e de cortina. O topo da gama tem a Exclusive THP, que custa R$ 77.990 e adiciona sensores de estacionamento dianteiro e de ponto cego, câmara de ré, central multimídia com navegador GPS e tela colorida de sete polegadas e quadro de instrumentos com iluminação e LCD. Nas versões Exclusive, a transmissão é sempre automática.

Espaço estratégico

Mendoza/Argentina - A versão testada foi a Tendance com câmbio automático. Basta sentar-se no banco do motorista para logo encontrar a melhor ergonomia. Ao girar a chave e pisar no pedal da direita, é notável a relação mais curta da primeira marcha. O C4 Lounge, inclusive, é bom de arrancadas. Já nas retomadas, nem tanto. A nova transmissão automática demorar a ler os estímulos do condutor, o que impede que o carro seja mais decidido em ultrapassagens.

Nas charmosas estradas da região de vinícola de Mendoza, aos pés da Cordilheira dos Andes, o C4 Lounge mostrou comportamento dinâmico distinto. Se em trechos sinuosos oferece firmeza e estabilidade, em linhas retas, principalmente em velocidades mais elevadas, o volante fica mais leve que o ideal. A pequena cidade argentina tem em comum com as vias brasileiras a baixa qualidade das pavimentações. As imperfeições, no entanto, são absorvidas com competência pela suspensão.

Após pouco mais de 100 quilômetros ao volante, hora de passar para o banco traseiro. E a cabine se mostra mesmo bem espaçosa. Há lugar para as pernas de um adulto com 1,80 metro sem qualquer tipo de aperto. O mesmo já não acontece com a cabeça que, eventualmente, roça o teto do carro. No entanto, duas pessoas de estatura mediana conseguem conviver tranquilamente no banco de trás. (Michael Figueiredo/AutoPress)

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