Importadores chineses de soja cancelaram até 600 mil toneladas em carregamentos de soja do Brasil e Argentina para envio entre março e maio, disseram duas fontes do mercado, com um surto de gripe aviária no país e margens negativas no esmagamento afetando a demanda.
Na última quarta-feira, os contratos futuros da soja na bolsa de Chicago caíram à menor cotação desde 24 de fevereiro devido às preocupações sobre uma redução de demanda na China, maior comprador mundial da oleaginosa.
Os compradores estão negociando com fornecedores para atrasar ou cancelar mais carregamentos, disseram as fontes à agência Reuters.
"Há um excesso de soja na China neste momento", disse um operador sediado de Cingapura, no intervalo de uma conferência da indústria, na mesma cidade. "Eles cancelaram contratos para 10 navios Panamax e querem cancelar mais 30 cargas."
Os contratos futuros da soja caíram quase 5% em quatro sessões, com safras abundantes no Brasil e na Argentina aumentando a expectativa de queda provocado pela desaceleração na demanda chinesa.
O cancelamento das compras pela China ocorre depois que o país rejeitou quase 1 milhão de toneladas de milho dos Estados Unidos devido à descoberta de grãos de uma variedade transgênica não autorizada no país.
A China diz que os carregamentos de milho foram rejeitados devido à presença dos transgênicos, mas fontes do mercado dizem que a medida está sendo usada para proteger os produtores locais da oferta excedente e de preços baixos no mercado local.
Há negociações para postergar o envio de diversas cargas de soja devido a margens negativas de esmagamento, disse Gao Yanbin, gestor de investimentos na trading chinesa Shanghai Shenkai Investment Co.
Gao confirmou o cancelamento de cerca de 500 mil toneladas a 600 mil toneladas de soja do Brasil por compradores chineses.
"A demanda por animais de corte está baixa, a demanda por frangos foi afetada pela gripe aviária e a recomposição de rebanho de suínos é baixa", disse Gao.
"Não há necessidade de receber essas cargas, já que eles estimam uma perda de 400 a 500 iuanes por tonelada (65 a 82 dólares)", disse.
Fonte: Folha de São Paulo/DA REUTERS
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