A 38ª
edição do Rally Dakar, a maior e mais desafiadora competição off-road do mundo, a
oitava consecutiva na América do Sul, teve o seu primeiro acidente ainda no prólogo. Na etapa que define a posição de largada dos pilotos, a dupla chinesa liderada por Guo Meiling capotou o carro
número 360 em uma curva perigosa perto da cidade de Arrecifes, nos arredores de Buenos Aires, e deixou pelo menos oito espectadores feridos, dentre eles, três menores de idade. Meiling perdeu o controle de seu Mini Cooper quando estava chegando em Arrecifes e atropelou as pessoas que assistiam à corrida na beira da pista.
Não havia proteção suficiente no local do acidente, e o clima de festa do primeiro dia do Dakar logo se transformou em pesadelo. Oito ambulâncias foram enviadas para o resgate. Os feridos foram transferidos para o Hospital Santa Francisca, em Arrecifes. Um helicóptero fez o translado do diretor da competição, o francês Etienne Lavinge.
Machucados, espectadores são levados a hospital de Arrecifes depois de acidente (Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFE )
- Justo onde aconteceu o acidente não havia
proteção. Há quatro ou cinco pessoas em estado grave. Não quis me
aproximar muito para não atrapalhar a operação de resgate - contou o piloto Luis José Di Palma ao programa de televisão argentino "Campeones".
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A maior parte dos feridos foi diagnosticada com traumatismos. Um deles está em estado grave devido a uma série de fraturas e um golpe forte na cabeça, segundo as informações do Corpo de Bombeiros de Arrecifes. Uma senhora de idade desmaiou com o susto, de acordo com a imprensa local, e o pânico se instaurou com o acidente. Postos de sinalização foram arrancados no momento em que o carro de Meiling andava desgovernado.
Piloto chinesa Guo Meiling recebe atendimento médico após atropelar espectadores no prólogo do Rally Dakar (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
- Foi uma das coisas mais feiras que eu já vi no automobilismo. Vi muita gente ferida, muito machucada, foi desesperador. A Mini estava em alta velocidade e parou perto de nós. Uma das pedras do chão voou e pegou no joelho do meu pai - disse Juan Cruz Alvarez à Radio Rivadavia.
O incidente cancelou o prólogo para carros e caminhões. As motos
e os quadriciclos já haviam cronometrado os seus tempos nos 11 km da disputa, entre Buenos Aires e Rosário, um percurso de 346 km de
distância. Antes
da interrupção, o chileno Ignacio Casale ficou com o melhor tempo do
Prólogo nos quadriciclos. Nas motos, o espanhol Joan Barreda e o
português Ruben Faria empataram na liderança. Nos carros, o primeiro
lugar ficou com o holandês Bernhard ten Brinke.
Ao todo, o Rally Dakar irá contar com a presença de 556 competidores, em 354
veículos, divididos em quatro categorias (carros, caminhões, motos e
quadriciclos). Até o dia 16 de janeiro, serão percorridos 9.583 km, com largada e chegada na Argentina. Apesar da saída do desafiador deserto do Atacama, o trajeto promete
dificuldades aos pilotos, com destaque para as montanhas e altiplanos da
fronteira entre os dois países. A recusa do Chile e a desistência do Peru foram por motivos financeiros. No percurso inédito, que passa por cidades argentinas e da Bolívia, o Brasil será representado por 10 pilotos em uma de suas maiores delegações dos últimos anos.
Nas motos, um único representante: hexa do Rally dos Sertões, o
paulista Jean Azevedo (41 anos) irá para ser 18º Dakar. Nos carros,
outros velhos conhecidos da competição, os experientes Guilherme
Spinelli e Youssef Haddad, multicampeões dos Sertões, formam uma das
três duplas verde e amarelas. As outras duas são: João Franciosi e
Gustavo Gugelmim, e os estreantes Jorge Wagenfuhr e Joel Kravtchenko.
Nos UTVs (subdivisão da categoria carros), Leandro Torres debutará ao
lado do experiente navegador Lourival Roldan. Nos quadricilos, o Brasil
contará com o maranhense Marcelo Medeiros, bicampeão dos sertões.