ASSUNÇÃO - A chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez, reagiu duramente à proposta do presidente da Argentina, Mauricio Macri, de pedir a libertação dos presos políticos de oposição na Venezuela. Delcy participa da cúpula Mercosul, em Assunção, no lugar do presidente Nicolás Maduro.
Antes da resposta a Macri, porém, Delcy declarou apoio ao “assédio que a presidente Dilma Rousseff vem sofrendo” e aproveitou para criticar modelos neoliberais”.
Ao mostrar, então, uma foto de Leopoldo Lopez, oposicionista venezuelano condenado a 13 anos de prisão, a chanceler disse: “o senhor está fazendo ingerência sobre um assunto da Venezuela, está defendendo essa pessoa, nós sabemos”.
Mais fotos foram exibidas por Delcy em plena plenária dos chefes de Estado. As imagens mostravam cenas de violência durante manifestações em Caracas em 2014. “O senhor está defendendo esse tipo de manifestação; bazucas foram usadas nessas manifestações. Incendiaram o Ministério Público e serviços essenciais”, destacou a chanceler.
Em seguida, Delcy disse, sem explicar a que se referia, que entende que Macri queira a libertação de “violentos” porque um de seus primeiros anúncios foi “libertar responsáveis por tortura, desaparição e assassinato durante a ditadura argentina”.
As declarações da representante venezuelana provocaram profundo mal-estar na reunião. Outros chefes de Estado continuaram seus discursos sem entrar no mérito da discussão. Assessores de Macri e a chanceler argentina, Susana Malcorra, nitidamente incomodados, conversavam com o presidente argentino, numa suposta orientação de como proceder. Mas ele não deu nenhuma resposta durante a reunião.
A presidente Dilma Rousseff já havia feito seu discurso, no qual havia parabenizado Maduro e o povo venezuelano pelo “espírito democrático da eleição parlamentar no dia 6”.