Brasil tem primeiro déficit comercial desde 2000 – Agência de Notícias Brasil

São Paulo – A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 3,93 bilhões em 2014, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (05) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). É a primeira vez que o saldo comercial anual fica negativo desde o ano 2000, quando as importações superaram as exportações em US$ 732 milhões.

As vendas externas do Brasil renderam US$ 225,1 bilhões no ano passado, uma redução de 7% sobre o total de 2013. Já as importações somaram US$ 229 bilhões em 2014, uma queda de 4,4% na mesma comparação. Isso mostra que o comércio exterior brasileiro diminuiu como um todo.

A corrente comercial, que é a soma das exportações e das importações, ficou em US$ 454,1 bilhões, 5,7% a menos do que em 2013. Só que as compras externas caíram menos do que as vendas, daí a ocorrência do déficit.

Segundo o MDIC, recuaram os embarques das três categorias de produtos: manufaturados (-13,7%), semimanufaturados (-4,8%) e básicos (-3,1%). Na outra mão, houve queda nas importações de bens de capital (-7,6%), bens de consumo (-5,2%), matérias-primas e intermediários (-3,3%) e combustíveis e lubrificantes (-2,4%).

As exportações só aumentaram para o Leste Europeu, em função da comercialização de carnes, soja em grão, café, farelo de soja, ácidos carboxílicos (produto químico orgânico), tratores e tubos de ferro fundido; e para os Estados Unidos, impulsionadas pelos embarques de semimanufaturados de ferro e aço, aviões, partes de motores e turbinas para aviação, café, obras de mármore e granito, máquinas para terraplanagem, soja em grão, laminados planos, ferro-ligas, madeira, autopeças, couros, minério de ferro, tubos de ferro fundido, açúcar bruto e óleos combustíveis.

No caso das importações, avançaram apenas as compras de produtos do Leste Europeu, especialmente cloreto de potássio, adubos e fertilizantes, alumínio bruto, óleos combustíveis, enxofre, medicamentos, ferro-ligas e ligas de alumínio; e do Oriente Médio, principalmente de petróleo, ureia, óleos combustíveis, polímeros plásticos, inseticidas, adubos e fertilizantes e compostos heterocíclicos (compostos químicos orgânicos).

Os países que mais compraram mercadorias do Brasil em 2014 foram, nessa ordem, a China, Estados Unidos, Argentina, Holanda e Japão. Já os maiores fornecedores foram a China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Nigéria.

Isoladamente em dezembro, as exportações brasileiras renderam quase US$ 17,5 bilhões, uma queda de 16% em comparação com o mesmo mês de 2013. As importações somaram quase US$ 17,2 bilhões, uma redução de 5,5% na mesma comparação. Este desempenho resultou em superávit mensal de US$ 293 milhões. O valor, no entanto, não foi suficiente para reverter o déficit acumulado no ano.

Para 2015, porém, é esperada a retomada de superávit anual. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) prevê saldo positivo de US$ 8,14 bilhões. Já a pesquisa Focus, conduzida pelo Banco Central com entidades do mercado financeiro, mostra expectativa de superávit de US$ 5 bilhões.

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