Brasil e Argentina firmaram nesta sexta-feira (28) um memorando de entendimento para facilitar a concessão de crédito para operações de importação e exportação entre empresas dos dois países.
O documento foi assinado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e pelo ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, no complexo hoteleiro de Costa do Sauipe (85 km de Salvador), sede da reunião anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
"Estamos preparando as diretrizes de como podem se estruturar os financiamentos para importação e exportação entre os dois países. O objetivo é dar conforto ao setor privado", afirmou o ministro brasileiro.
O financiamento será operado por bancos privados. Contudo, informou o ministro, o governo poderá se valer de instrumentos de proteção cambial, como o hedge, para garantir as operações de crédito. O prazo mínimo das operações é de 90 dias.
Não foi estabelecido o total de recursos que serão disponibilizados, já que as operações serão privadas e irão variar de acordo com a demanda. Contudo, segundo Mauro Borges, pelo menos R$ 2 bilhões são necessários para dar liquidez ao comércio entre Brasil e Argentina.
Borges afirmou ainda que o memorando será um primeiro passo para destravar o comércio bilateral e servirá, sobretudo, para dar confiança aos importadores e aos exportadores dos dois países.
O acordo começou a ser esboçado pelo governo brasileiro após a desvalorização do peso, em janeiro deste ano, que fez o banco central argentino conter a saída de dólares, afetando as empresas brasileiras.
A partir da assinatura do documento, grupos técnicos serão criados para operacionalizar o memorando.
Burocracia
O acordo firmado, contudo, não possui medidas para enfrentar entraves burocráticos como a emissão das DJAIs (Declarações Juramentadas), exigidas pelo governo argentino de empresas que querem exportar produtos para o Brasil.
Os empresários brasileiros cobram mais rapidez na emissão desses documentos e na consequente liberação das mercadorias. Somente os empresários do setor calçadista brasileiro reclamam que há 700 mil pares de sapatos presos na alfândega argentina.