Baía de Guanabara hermana? Atletas passam mal em Mundial na …

Não é só no Rio de Janeiro, como aconteceu no último evento-teste da vela para os Jogos Olímpicos, que velejadores apresentam problemas estomacais. Casos de indisposição e enjoo estão sendo registrados no Campeonato Mundial das classes 49er e 49erFX, disputado em San Isidro, na Argentina, desde a última segunda-feira. 

Na verdade, os casos começaram a surgir no Sul-Americano, disputado na primeira semana de novembro. San Isidro é uma província de Buenos Aires 30km ao norte da capital banhada pelas águas barrentas do Rio da Prata. Nasce no Mato Grosso do Sul e desagua 290km depois na Bacia do Rio da Prata. 

Rio Prata Mundial 49er vela Argentina (Foto: Matias Capizzano)Água do Rio da Prata pode estar fazendo mal a velejadores em Mundial de 49er e 49erFX (Foto: Matias Capizzano)

Velejadores que chegaram para o Sul-Americano permaneceram na cidade treinando para o Mundial. É normal que durante as regatas os barcos instáveis do 49er e 49erFX capotem e os atletas bebam água involuntariamente. Não há registro oficial de atletas doentes, assim como não há médicos na organização do evento. Ben Remocker, diretor de comunicação das duas classes, acredita que dentre os cerca de 200 atletas em San Isidro apenas 20 tiveram problemas. E boa parte dos casos teria acontecido depois das fortes chuvas da última quinta-feira, as mesmas que adiaram para o dia seguinte a partida entre Argentina e Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo de futebol. A espanhola Tamara Echegoyen está há quatro dias com problemas intestinais.  

- Não estou segura se é um vírus ou bactéria porque não há médico aqui. Falei com uma doutora por Skype e achamos que é a água, mas não temos certeza. Há quatro dias tudo o que eu como boto para fora - disse a campeã olímpica nos Jogos de Londres 2012 na classe Match Race.

Rio Prata Mundial 49er vela Argentina (Foto: Matias Capizzano)Hora de beber água do Rio da Prata no Mundial de 49erFX (Foto: Matias Capizzano)

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É difícil que médicos acompanhem os velejadores nos campeonatos pelo mundo. Por isso, o brasileiro Dante Bianchi, que também é reumatologista, costuma ser procurado por outros atletas com problemas de saúde durante as competições. Neste período na Argentina ele "atendeu" oito velejadores, todos europeus. Dante cita um documento da Federação Internacional de Vela (Isaf), no qual consta que a média de incidência de mal-estar entre velejadores nas competições pelo mundo é de 60% sobre o número de competidores. Os problemas de saúde na Argentina e também no Rio de Janeiro não seriam causados pela água, segundo o médico-atleta:

- Eles (os europeus) são criados com "talco da avó", por isso ficam assim quando vão para o Rio ou para cá. Pergunta para um indiano se ele passou mal. Eu engoli um litro e meio de água hoje e não vou passar mal. Os índices de gente passando mal aqui e no evento-teste do Rio foram baixíssimos - disse. 

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No evento-teste em agosto, 29 dentre os cerca de 300 velejadores na competição foram atendidos na Marina da Glória. Segundo a Isaf, nenhum caso foi comprovadamente relacionado à qualidade da água da Baía de Guanabara. 

As complicações estomacais, no entanto, não atingiram apenas europeus. A brasileira Kahena Kunze, companheira de Martine Grael, teve diarreia por cinco dias e quase abandonou o Sul-Americano, no qual conquistou a medalha de prata. 

- Acho que foi a água do rio. Bebi muito dela. Outras meninas também ficaram doentes. Duas alemãs não competiram no Sul-Americano porque passaram mal. Se fosse no Rio iam falar pra caramba. 

Rio Prata Mundial 49er vela Argentina (Foto: Matias Capizzano)Americanos lutam para colocar o barco de pé no Rio da Prata nesta quinta-feira (Foto: Matias Capizzano)

Lenda da vela argentina, com duas medalhas de bronze e se preparando para o Rio 2016, Santiago Lange é nascido em San Isidro e defende sua terra.

-  A cor dela é só por causa do barro. Ela é limpa, eu bebo, não aqui na marina, mas dentro do rio. Claro que tem esgoto. Buenos Aires tem 14 milhões de habitantes e estamos na América do Sul. Quando os que ficaram doentes, não dá para saber se foi aqui. Essa água é mais limpa do que a da Baía de Guanabara - disse. 

Nesta quinta, o mau tempo na Argentina permitiu que apenas duas regatas da flotilha prata, espécie de torneio de consolação do Mundial, fossem disputadas. Por causa das ondas muitos barcos capotaram, inclusive o de Dante e Thomas Low-beer, cujo mastro quebrou após a prova. 

Atuais campeãs, Martine Grael e Kahena Kunze estão em sexto lugar. Marco Grael e Gabriel Borges, que garantiram a classificação para os Jogos Olímpicos na quinta, estão em 14º e tentam a vaga entre os dez primeiros na medal race de sábado, último dia da competição. 

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