Argentinos pedirão equilíbrio comercial no Brasil

247- Os ministros argentinos da Indústria, Débora Giorgi, e da Economia, Axel Kicillof, viajarão na terça feira a Brasília para se reunir com autoridades brasileiras e empresários do setor automotivo do Brasil para buscar um acordo que equilibre o comércio bilateral que no ano passado deixou um saldo negativo para a Argentina de 3.100 milhões de dólares.

Os funcionários argentinos têm previsto reunir-se com o ministro brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e o assessor presidencial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, além de representantes do setor privado, informou a agência de notícias estatal da Argentina Telam.

Argentina tem um déficit no comércio bilateral com o Brasil, advindo da grande desvalorização de sua moeda no último ano e também devido às travas protecionistas que impõe ao comércio com seu vizinho e que transgridem as regras do bloco alfandegário MERCOSUL.
As restrições ao comércio da Argentina foram impostas para buscar proteger o vital superávit comercial do país, que enfrenta uma forte fuga de capitais e quase não tem financiamento externo por ter cessado os pagamentos da dívida em 2001.

Segundo Telam, a busca de um acordo no setor automotivo é uma questão central no que diz respeito à necessidade de alcançar um equilíbrio comercial entre ambas as nações já que mesmo tendo superávit pela venda de carros terminados de 389 milhões de dólares, não foi suficiente para compensar o déficit de 2.767 milhões de dólares que teve o comércio de autopeças.

E esses quase 2.400 milhões de dólares são o eixo principal dos 3.100 milhões de dólares que Argentina teve de déficit no ano passado no intercâmbio comercial.

Por isso, a Argentina insistiu na terça feira passada durante uma reunião em Buenos Aires na necessidade de estender por mais um ano o acordo automotor vigente, mas com uma maior integração de peças locais, algo que as automotoras brasileiras parecem hesitantes em aceitar.
Ademais, este encontro acontece no centro de uma queda na produção automotriz de 8,4% no Brasil durante o primeiro trimestre, e de 16% na

Argentina, segundo cifras das câmaras empresariais.
No meio destas negociações, mantém-se a proposta do Brasil de outorgar créditos à Argentina, que seriam ao redor de dois bilhões de dólares, para dinamizar o comércio.

A oferta foi feita na semana passada em Buenos Aires pelo próprio Borges, acompanhado pelo secretário executivo do Ministério da Fazenda do Brasil, Paulo Caffarelli.

Entretanto, Kicillof e Giorgi, junto com o presidente do Banco Central Juan Carlos Fábregas, condicionarão uma eventual aceitação destes créditos a que estejam destinados fundamentalmente a equilibrar a balança comercial.

Em 2013, Argentina teve um crescimento quase nulo de vendas ao Brasil, que somaram 16.463 milhões de dólares, enquanto as importações subiram 9% como média anual, alcançando a 19.616 milhões.

Em março, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, as exportações argentinas para o país somaram 1.218 milhões de dólares, 16, 8% menos que no mesmo mês de 2013. O relatório mostra que entre os produtos que explicam essa baixa estão os carros, autopeças, trigo e medicamentos.

As importações vindas do Brasil, no entanto, somaram 1.183 milhões, 15,3% menos que em março do ano passado. Também neste caso o menor comércio automotor explicou grande parte da queda. O relatório do governo brasileiro ressalta uma baixa em carros, pneus, motores e autopeças, mas também em produtos semifaturados e máquinas para uso agrícola.

Como resultado da queda nas exportações e nas importações, no mês passado o comércio bilateral se retraiu 16%, e a Argentina registrou um superávit de 35 milhões de dólares, 48% menor que o saldo de um ano atrás.

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