Argentina x Brasil

Algumas pessoas só conseguem enxergar aquilo que já aconteceu. Para estes, só existe o resultado, o fato consumado, o ‘cientificamente comprovado’.

São os famosos ‘invictos’. Como nunca fazem previsões, nunca erram. Não jogam e não perdem. Mas quando um 7×1 aparece sem aviso prévio, seus olhos tacanhos ficam arregalados de medo.

Há uns seis ou sete anos, previ que, em menos de uma década, o tênis brasileiro e o argentino estariam em níveis parecidos.

Na época, eles tinham dois top-10 (Nalbandian e Del Potro), além de vários top-50. E nós não tínhamos ninguém sequer no top-100. Ou seja, minha previsão soou como algo totalmente fantasioso, de outro planeta. Não era.

Pra mim, já estava claro que o tênis argentino entraria em decadência. Algo que, hoje, eles mesmos reconhecem. A escola argentina, que um dia foi formadora de tenistas top-20, hoje forma top-100. Ou seja, caiu muito.

Naquela época, eu também acreditava que o tênis brasileiro melhoraria. Tínhamos Bellucci e Feijão subindo, além de uma safra de juvenis (Cunha, Demoliner, Romboli, Camilo, Pereira, Clezar, Fernandes, Monteiro, etc..) melhor que a deles.

Pois bem. Aqui, reconheço que estava errado. As coisas tomaram outro rumo. Ou melhor, tomaram o mesmo rumo de sempre. Nosso tênis não melhorou. Bellucci e Feijão estão aí (já estavam), mas os juvenis não vingaram.

Cunha, por exemplo, preferiu ser um ‘top-300 com diploma’ do que tentar ser top-50. Fernandes se aposentou aos 22 anos. Outros tomaram decisões erradas e ficaram pra trás. Dos que citei, Clezar é o que está ‘menos longe’.

Mesmo repetindo erros históricos e desperdiçando talentos, o tênis brasileiro voltou ao Grupo Mundial da Copa Davis. E, vejam só, enfrentará a Argentina com chances reais de vencer, mesmo jogando fora de casa.

Se o duelo fosse no Brasil, seríamos favoritos. Nas quadras embarradas de Buenos Aires, nossas chances diminuem para uns 40%, não menos do que isso.

Há seis ou sete anos, quem diria?

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