Argentina volta a participar do Fórum Econômico, em Davos

BUENOS AIRES  -  Em mais uma etapa da estratégia de reaproximação da Argentina com o mundo, o presidente Mauricio Macri viaja nesta terça-feira à Suíça para participar do Fórum Econômico em Davos. O país ficou ausente desse encontro anual durante todo o tempo em que o casal Nestor e Cristina Kirchner esteve no poder, o que abrange os últimos 12 anos. O mais importante, para o país, no entanto, pode estar na extensa agenda de encontros com executivos de grandes empresas que Macri preparou. 

O contado direto com altos dirigentes do mundo corporativo pode ajudá-lo a atrair investimentos. Segundo agenda divulgada pela Casa Rosada, na quinta-feira o argentino começa o dia com o Andrew Liveris, presidente da Dow Chemical. Em seguida, ele se reunirá com Van Beurden, do grupo Shell, Sheryl Sandberg, do Facebook, Muhtar Kent, da Coca-Cola, Patrick Pouyanné, da Total, e Eric Schmidt, presidente da Google.  

Na sexta-feira, estará com Satya Nadella, da Microsoft. Depois disso, vai proferir uma palestra da qual devem participar executivos de empresas como Siemens, Cisco, Embraer, Sony, Philips, Acelor Mital, Mitsubishi, Heineken, Banco Santander, Bank of America e JP Morgan, entre outros.

A agenda política também está carregada. Estão confirmadas reuniões com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente do México, Enrique Peña.

Com a viagem à Suíça o presidente argentino, que tomou posse há pouco mais de um mês, sinaliza uma aproximação não apenas com o exterior como também com forças políticas internas. Ele convidou para acompanhá-lo na viagem um líder da oposição: o deputado Sérgio Massa, candidato derrotado no primeiro turno da eleição presidencial argentina, em outubro. Massa desponta como liderança do peronismo no novo período pós kirchnerismo. 

Em busca de firmar-se como uma espécie de líder de um novo peronismo, Massa também tenta se aproximar de antigas lideranças kirchneristas. O governador de Salta, Juan Manuel Urtubey, que vem da base kirchnerista e visto como provável candidato da esquerda nas próximas eleições presidenciais, participou há poucos dias, de uma reunião política organizada por Massa em sua casa de veraneio no litoral. 

Um dos sinais de que o atual governo do centro-direita se aproxima da força opositora liderada por Massa, do partido Frente Renovadora, foi a nomeação, hoje, de um economista de confiança de Massa, Ricardo Delgado, para integrar a equipe do Ministério de Interior. Delgado é o novo subsecretário de coordenação de obras públicas federais. 

Macri passou por exames médicos hoje para saber se tinha condições de viajar. Ele quebrou uma costela enquanto brincava com a filha e permaneceu em repouso durante a última semana. Foi liberado pelo médico, que recomendou o uso de uma faixa elástica para ajudar na recuperação.

Enquanto estiveram no poder, entre 2003 e 2015, Nestor e Cristina Kirchner preferiram não aparecer nas reuniões de Davos supostamente para não serem cobrados por mudanças na conduta econômica. O ex-presidente Eduardo Duhalde foi o último a participar, há 13 anos.

Mas agora o novo presidente quer não apenas falar como também ser visto pelo mundo todo. Para marcar o retorno da Argentina à reunião anual de Davos Macri também marcou uma entrevista coletiva com jornalistas de grande veículos do mundo, como "The Economist", "USA Today", "BBC News", "Financial Times", "Le Figaro", "CBS News', "CNN", "Der Spiegel" e "Al Jazeera". 

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