Argentina: Uma derrota do populismo

Opposition presidential candidate Mauricio Macri, left, and running mate Gabriela Michetti celebrate after winning a runoff presidential election in Buenos Aires (Foto: Ricardo Mazalan/AP)

Na noite do domingo, dia 22, depois do anúncio de sua vitória nas eleições presidenciais argentinas contra Daniel Scioli, o candidato apoiado pela presidente Cristina Kirchner, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, subiu a um palanque para festejar com aliados e dançou freneticamente. Na comemoração, simulou passos de moonwalk, a dança celebrizada por Michael Jackson. Com a eleição de Macri, após 12 anos em que os governos de Cristina e de seu marido, Néstor, minaram o funcionamento livre e independente da Justiça, do Parlamento e da imprensa, a Argentina entra num novo ritmo. A vitória de Macri pode ser também um sinal de que a América Latina está entrando em outro compasso – talvez não em cadência acelerada, mas no balanço lânguido e sinuoso do tango.

 Jorge Castañeda: "Acabou o combustível dos governos de esquerda"

No início deste século,  a Argentina, a Venezuela, o Equador e a Bolívia viram a emergência de líderes políticos neopopulistas, que manifestavam um nacionalismo anacrônico, personalismo, autoritarismo e, sobretudo, desapreço pelas instituições democráticas. Apesar de políticas econômicas, em geral, temerárias, eles se mantiveram no poder graças à distribuição de benesses, facilitada pelo boom dos produtos primários exportados por seus países.  O superciclo das commodities, porém, se esgotou. “Sem os altos preços das commodities, as políticas sociais de muitos governo latino-americanos não se sustentam. Isso está causando uma ressaca”, disse a ÉPOCA o cientista político Jorge Castañeda, ex-chanceler do México.

Enquanto Chile, Peru e Colômbia, países da região com políticas mais abertas e menos intervencionistas, seguem crescendo, a Argentina lida agora com os problemas de uma economia estagnada e com alta inflação. A campanha por mudanças feita por Macri se beneficiou também do cansaço dos argentinos com la grieta, o cisma criado pelos Kirchners, que cindiu o país entre kirchneristas e antikirchneristas. Antes de sua posse, em 10 de dezembro, Macri fez críticas à Venezuela. Deu a entender que pretende ser líder não apenas em seu país, mas no continente. Se persistir denunciando o autoritarismo, pode contribuir para um novo ciclo na região.

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