Argentina tem inflação de 10,8% em 2012; para a oposição, 25,6%

O governo da presidente Cristina Kirchner anunciou que o índice oficial de inflação de 2012, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), foi de 10,8%. Segundo a entidade estatística, que está sob férrea intervenção do governo federal desde janeiro de 2007, a inflação em dezembro foi de 1%. Desta forma, a Argentina transforma-se no país do continente americano com a maior inflação de 2012, ultrapassando a Venezuela, que teve um índice de 20,1% (em 2011 os venezuelanos sofreram uma alta de preços de 27,6%).

Os números e índices apurados pelo Indec, no entanto, são foco de suspeita por parte de institutos independentes, que acreditam em manipulação de dados por parte do governo. O protagonista deste "trabalho sujo" do governo Kirchner seria, segundo empresários, analistas políticos, economistas e integrantes da oposição, o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.

Nesta terça, os deputados da oposição anunciaram o "Índice-Parlamento", um cálculo paralelo da inflação argentina elaborado pelos parlamentares com base em estimativas das principais consultorias econômicas do país. Segundo estes cálculos, a inflação de dezembro foi de 2,1% e a inflação "real" acumulada ao longo de 2012 ficou em 25,6%.

O índice oficial também é encarado como fictício por parte de diversos aliados do governo Kirchner. Esse é o caso da Confederação Geral do Trabalho (CGT), a central sindical aliada da presidente. Ontem, os sindicalistas sustentaram que a inflação de 2012 teria estado ao redor de 25%.

Tendo por base esse cálculo paralelo de inflação 'real', tanto os sindicatos aliados como os inimigos do governo exigem altas salariais superiores a 25% em 2013. No entanto, a presidente Cristina Kirchner e seu ministro do Trabalho, Carlos Tomada, pretendem impor um teto de 19% para os aumentos salariais.

Nota de cem

A deputada Patrícia Bullrich, da oposição, afirma que existe uma situação de "estagflação" na Argentina. "A inflação aumenta a partir da quantidade de emissão monetária", disse Bullrich. Os parlamentares sustentam que desde o início da intervenção do Indec, em janeiro de 2007, por causa da inflação real, a nota de 100 pesos, a cédula de maior grau numérico da Argentina, perdeu 70% de seu valor.

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