Argentina prepara plano de emergência, caso calote se confirme

BUENOS AIRES – O governo de Cristina Kirchner avalia um plano de emergência, caso não consiga alcançar um acordo com os “fundos abutres” e acabe dando calote no próximo 30 de julho. Nesse dia termina o prazo para o país pagar US$ 1,5 bilhão aos credores que não aderiram à reestruturação da dívida argentina em 2005 e 2010. A ordem de pagamento foi dada pelo juiz americano Thomas Griesa. Se não for efetuado, nem os credores que aceitaram a renogociação poderão receber, conforme a decisão judicial.

A preocupação de Cristina é que com a possibilidade de uma maior queda do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos), dos investimentos e do consumo e com uma possível onda de demissões. Por isso, segundo fontes, as medidas que devem ser anunciadas pelo governo visam a sustentar o consumo, o emprego e o financiamento interno.

Avalia-se elevar os recursos destinados aos planos de Recuperação Produtiva (Repro), que visam a evitar demissões. Por esses planos o Ministério do Trabalho paga parte dos salários dos funcionários às empresas para que essas os mantenham no quadro de empregados.

Está em estudo ainda como proporcionar mais dinamismo aos programas de crédito Procrear (habitações), Procreauto (automóveis) e Progresar (jóvens nem-nem, aqueles que nem trabalham nem estudam). Empréstimos a empreendedores e microempreendedores também devem ser estimulados. Cogita-se até o fortalecimento das reservas por meio de swaps, como o intercâmbio de moedas de US$ 11 bilhões que a Argentina firmou com a China semana passada.

APOSTA EM ACORDO DE ÚLTIMA HORA

A ordem de Cristina é que o país não admita o calote, já que, na verdade, trata-se de um calote técnico — não por falta de dinheiro mas por força de uma decisão judicial. O governo argentino fez o depósito em um banco em Nova York para pagar os credores reestruturados, mas o dinheiro foi bloqueado por Griesa, pois os demais credores _ incluindo os “fundos abutres” — não estavam contemplados.

Caso o calote se confirme, o governo argentino diz que aidna haverá 60 dias para negociação. Nesse ínterim, oa dententores de títulos da dívida argentina que aderiram à renegociação no passado podem pedir a aceleração dos bônus, ou seja, que os vencimentos de 2033 e 2038 sejam adiantados em 24 horas.

No entanto, dentro do governo argentino, a aposta é que, no último minuto antes do fim do prazo para que se caracterize o calote técnico, os “abutres” aceitem a reposição de uma limimar que permita ao país pagar na frente os credores reestruturados, como vêm fazendo. Ou que que o juiz Griesa desbloqueie o dinheiro para o pagamento.

Assim, o governo seguiria negociando com os “abutres”, liderados pelo NML Elliott e Aurelius, até dezembro, quando vence a chamada cláusula Rufo. Por esta cláusula, se o governo argentino oferecer melhores condições de pagamento aos credores que não aderiram à renegociação, aqueles que aceitaram o desconto poderão reivindicar as mesmas condições.

Isso faria explodir as contas argentinas. Nas estimativas do governo, as reivindicações poderiam somar US$ 120 bilhões. A partir de janeiro, o governo de Cristina poderá chegar a um acordo com os fundo, sem que os demais credores ponham em risco as contas do país.

* O jornal “La Nación”, assim como O GLOBO, faz parte do Grupo de Diarios América (GDA).

Notícia postada originalmente pelo Jornal Extra

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