O secretário das Finanças da Argentina, Luis Caputo, encontrou-se esta semana com credores representantes dos chamados “fundos abutres”. A reunião ocorreu em Nova Iorque e também contará com a presença do mediador Daniel Pollack.
Numa entrevista de imprensa coletiva, o presidente argentino, Mauricio Macri, disse confiar na possibilidade de “um acordo razoável” para a Argentina ser assinado e declarou que iria pedir a Pollack que “ajude a encerrar o assunto”.
“Queremos deixar de ser um país catalogado como incumpridor. Queremos encerrar o assunto e encontrar uma solução. Queremos ser um país com boas relações com o mundo inteiro”, disse Macri.
Segundo o chefe de Estado neoliberal, é necessário sinalizar para o mercado internacional que houve uma mudança de postura no governo argentino com sua chegada à presidência, sucedendo Cristina Kirchner. Antes de assumir o cargo, em dezembro, Macri enviou uma delegação a Nova Iorque para sinalizar a Pollack que estava disposto a retomar os diálogos.
As negociações com os fundos abutres estavam paralisadas desde julho de 2014, quando o então ministro da Economia, Alex Kicillof, se desentendeu com Pollack, chamando-o de “parcial” e recusando a proposta feita após encontros na época.
Os fundos abutres são fundos internacionais de investimento especulativos que compraram títulos públicos argentinos e que não aceitaram participar da renegociação da dívida pública do país, realizada entre 2005 e 2010. Os fundos então passaram a cobrar na Justiça dos EUA o pagamento por parte dos cofres da Argentina.
Em 2012, a Justiça norte-americana determinou que a Argentina deveria pagar 1,5 mil milhões de dólares aos fundos. Segundo o governo argentino, então liderado por Cristina, os fundos abutres compraram os papéis com um valor total de 48,7 milhões de dólares. Em 2014, o Supremo Tribunal dos EUA negou o recurso do governo argentino para revêr a ordem de pagamento dos títulos.
Sem acordo com os fundos, Buenos Aires encontra-se em estado de moratória técnica. O governo de Macri deseja pôr fim ao litígio com os fundos abutres, para recuperar investimentos estrangeiros na Argentina e poder fazer empréstimos no exterior. Os fundos representam apenas 1% dos credores da dívida pública que foi renegociada – 93% aceitaram o reembolso parcial.
Artigo de Ópera Mundi, publicado a 13 de janeiro de 2016.