Argentina fará proposta a ‘fundos abutres’ até o fim do mês

BUENOS AIRES, 14 JAN (ANSA) - A Argentina apresentará até o fim do mês uma proposta oficial de pagamento aos hedge funds que não aceitaram a reestruturação de títulos da dívida pública do país, os chamados "fundos abutres".   

O anúncio foi feito pelo novo secretário de Finanças Luis Caputo, após uma reunião de cinco horas em Nova York com os representantes desses investidores e um perito designado pela justiça norte-americana para mediar um acordo entre as partes.   

"Queremos deixar essa questão para trás, estamos dispostos a negociar, e se os fundos tiverem a mesma postura, conseguiremos chegar a um acordo", declarou Caputo. Como a Argentina vive em uma situação de moratória técnica, o governo de Mauricio Macri pretende firmar um pacto para voltar a tomar empréstimos no exterior e financiar um plano de obras públicas.   

A crise - O default da Argentina tem suas origens em dezembro de 2001, quando a nação sul-americana declarou moratória da sua dívida externa. Em 2005 e 2010, o governo conseguiu renegociar esses títulos públicos com 92% dos credores, que concordaram em receber um valor menor em um prazo mais longo. Contudo, os 8% restantes não aceitaram o acordo e venderam os papéis a hedge funds, fundos de investimento especializados em ativos de alto risco. Alguns deles têm como prática adquirir títulos de dívidas públicas não pagos para depois cobrar o valor integral na justiça. Foi o que aconteceu neste caso. No dia 30 de junho de 2014, o país chegou a depositar US$ 539 milhões para pagar uma parcela aos credores que aceitaram a renegociação, mas uma corte dos Estados Unidos presidida pelo juiz Thomas Griesa bloqueou o dinheiro. O argumento do magistrado é que a Argentina teria de pagar também US$ 1,3 bilhão aos hedge funds (apelidados no país de "fundos abutres") que não aceitaram a reestruturação.   

No entanto, caso fizesse isso, os credores que fazem parte dos outros 92% - e que concordaram em receber valores menores - poderiam reivindicar a quantia integral. Por esse motivo, Buenos Aires preferiu não depositar o US$ 1,3 bilhão, mesmo tendo reservas para isso. (ANSA)

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