Argentina encara Mundial entre céu e inferno

Os argentinos costumam usar uma frase vulgar, mas popular, para descrever a encruzilhada de sua seleção, ao afirmar que a Copa do Mundo no Brasil-2014 será "a glória ou a cadeia" dos jogadores, pressionando uma equipe que tem tudo para ir longe no torneio.

O povo sofre com a ansiedade antes do Mundial, uma competição que a 'Albiceleste' não conquista há 28 anos. Além disso, lá se vão 21 anos desde o último título da seleção principal argentina, na Copa América-1993.

Os torcedores não seriam fanáticos se não pensassem desta maneira, num país apaixonado e orgulhoso de seu futebol. O ex-jogador Jorge Valdano, campeão do mundo em 1986, descorda dessa visão.

"O futebol argentino perdeu o amor pelo futebol. É um sinal de decadência no futebol, que perdeu seu vigor. A cada dia vemos menos jogadores especiais. Acredito que retrocedemos", analisou Valdano, um intelectual do futebol.

A Argentina conta com uma arma de destruição em massa em Lionel Messi (Barcelona-ESP) e grandes jogadores de ataque como Sergio Aguero (Manchester City-ING), Angel Di Maria (Real Madrid-ESP) e Gonzalo Higuaín (Napoli-ITA), mas o desequilibro da equipe é notável.

"Na defesa, não temos um jogador que se imponha e que seja capaz de colocar ordem. (O técnico Alejandro) Sabella vai ter muito trabalho para fazer a defesa funcionar", continua Valdano.

"Não temos um Daniel Passarella (capitão e campeão do mundo em 1978) ou um Oscar Ruggeri (campeão em 1986), alguém capaz de acordar os companheiros e organizar a equipe nos momentos mais difíceis com um grito", descreve o ex-jogador, técnico e ex-dirigente do Real Madrid.

Triunfalistas, mas nostálgicos, os torcedores endeusam Maradona, Mario Kempes (campeão e artilheiro em 1978) e várias gerações de jogadores renomados, que impressionavam pela técnica.

Em meio a tanta mediocridade, Sabella e Messi mantém os pés nos chão.

"Faz tempo que não ganhamos, mas os favoritos são Alemanha, Brasil, Espanha e França", afirmou Messi, que aos 26 anos de idade jogará seu terceiro Mundial, depois de 2006 e 2010, quando a Argentina foi eliminada nas quartas de final pela 'Mannschaft'.

A Argentina coloca grande parte da responsabilidade de uma boa campanha no Mundial nos ombros de Messi, mas Sabella sabe que "por melhor que seja, por mais extraordinário, sempre precisa do apoio da equipe, de equilíbrio, de solidez".

A equipe titular de Sabella não deve apresentar grandes surpresas, com Sergio Romero no gol, apesar do goleiro não ser titular no Mônaco francês e não gozar de muito prestígio entre os torcedores.

A zaga é frequentemente formada por Pablo Zabaleta (Manchester City-ING), Federico Fernández (Getafe-ESP), Ezequiel Garay (Benfica-POR) e Marcos Rojo (Sporting-POR).

No primeiro combate, a dupla de volantes é sólida, com o veterano Javier Mascherano (Barcelona-ESP) e Fernando Gago (Boca Juniors-ARG), que lesionou o joelho e poderia dar lugar a Lucas Biglia (Lazio-ITA).

Carlos Tevez, artilheiro e campeão com a Juventus da Itália e aclamado pelo povo, ficou de fora da convocação de Sabella por não contar com a simpatia da comissão técnica.

No ataque, porém, estão os 'quatro fantásticos' (Messi, Agüero, Di Maria e Higuaín), que tem grandes chances de fazer a festa num Grupo F aparentemente fácil, no qual enfrentarão Bósnia, Irã e Nigéria.

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