Argentina é a seleção com mais jogos sob calor das 13h

Até a final, em 13 de julho, das 64 partidas da Copa do Mundo, 24 terão sido realizadas às 13h, o que equivale a 37,5%. Em muitas cidades, como São Paulo, por exemplo, este é o horário de pico de maior incidência de radiação solar e emissão de raios ultravioletas durante o dia.

A sede que mais recebeu partidas às 13h neste Mundial foi Belo Horizonte (com 5 jogos), seguida de perto por Brasília (com 4). Na região Nordeste, que registra algumas das mais altas temperaturas do país, foram disputados sete jogos com sol a pino –dois em Natal, dois em Salvador, dois em Recife e um em Fortaleza.

A seleção argentina foi a que mais sofreu com o calor dos trópicos brasileiros. Completará a quarta partida disputada neste horário quando entrar em campo no sábado (5), em Brasília, para jogar as quartas-de-final.

Anfitriã da Copa, mesmo que avance até a decisão, a seleção brasileira só vai ter entrado em campo uma única vez às 13h: no dramático duelo contra o Chile, pelas oitavas, decidido nos pênaltis.

O médico dermatologista Sérgio Schalka, 46, integrante da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologistas), diz que uma partida não deveria ser marcada para este horário, pois apresenta “altos riscos” à saúde de atletas e espectadores.

“Um jogo no Nordeste, por exemplo, deveria começar só a partir das 15h. A incidência de raios ultravioletas é altíssima no horário”, diz.

Segundo a SBD, o câncer de pele já é responsável por 25% do total de casos da doença no Brasil. Os grupos de maior risco está em pessoas com o tom de pele claro e com histórico de tumor de pele na família.

“É fundamental o torcedor usar protetor solar em um jogo marcado para esta hora. O protetor tem efeito por três horas e, como ir a um jogo é um programa que pode demandar mais tempo, ele precisa passar novamente para não ficar exposto”, diz Schalka.

Uma das partidas com temperatura mais elevada nesta Copa ocorreu no último domingo (29), no duelo entre Holanda e México, às 13h, no Ceará. O jogo começou com temperatura de 29 graus Celsius (e sensação térmica de 31). No decorrer do jogo os termômetros passaram a indicar 32 graus.

Neste confronto, de acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o IUV (Índice Ultra Violeta) atingiu 11 pontos, o que é considerável “extremo”. O IUV tem escala de 1 até 16 pontos.

Roberto Dias – 29.jun.2014/Folhapress

Sol afasta torcedores da arquibancada do Castelo durante jogo entre Holanda e MxicoSol afasta torcedores da arquibancada do Castelo durante jogo entre Holanda e Mxico
Sol afasta torcedores da arquibancada do Castelão durante jogo entre Holanda e México

Ainda com a bola rolando, muitos torcedores abandonaram as arquibancadas do Castelão durante este jogo para ficar embaixo da sombra da marquise do anel superior. Seguindo determinações da Fifa, o árbitro português Pedro Proença chegou a interromper o jogo no primeiro e no segundo tempo para determinar uma parada técnica de quatro minutos.

“Sem a parada técnica não sei se iríamos suportar”, brincou o jogador holandês Dirk Kuyt, 33, ao fim do jogo.

A princípio, a Fifa nega a possibilidade de estender as paradas técnicas para outras competições ou mesmo incluí-la nas regras do futebol. “É uma medida para a Copa de 2014. Mas nossa maior preocupação sempre é com a saúde dos jogadores”, disse a porta-voz da entidade, Delia Fischer.

Em outras Copas já houve também casos de partidas disputadas em horários semelhantes e sob altas temperaturas. Brasil e Itália disputaram a final do Mundial de 1994, nos EUA, ao meio-dia, durante o verão (com temperaturas que podem superar os 35 graus). Na Copa de 1986, no México, também houve confrontos que começaram ao meio-dia.

Colaborou RAFAEL REIS

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