Argentina: deputados refutam declarações de Macri sobre Venezuela

Cerca de 30 deputados argentinos expressaram, nesta quarta-feira, sua solidariedade com a Venezuela e rejeitaram a anunciada intenção do presidente recém-eleito, Mauricio Macri, de pedir ao Mercosul a aplicação da Cláusula Democrática a este país.

A solidariedade com o povo e com o governo venezuelanos foi transmitida ao embaixador do governo de Nicolás Maduro em Buenos Aires, Carlos Martínez Mendoza.

O embaixador venezuelano participou de um encontro no Congresso para a assinatura de um documento de apoio, por parte dos legisladores do partido de centro-esquerda da presidente em final de mandato, Cristina Kirchner, e aliados.

"A pretensão de Macri de aplicar a Cláusula Democrática do Mercosul à Venezuela é um claro alinhamento com os Estados Unidos e com sua política de assédio aos países latino-americanos", declarou a deputada da bancada governista Carolina Gaillard, líder do Grupo Parlamentar de Amizade com a Venezuela.

O embaixador venezuelano considerou que "nesta expressão de solidariedade está o reconhecimento da legalidade e da legitimidade da democracia na Venezuela".

Líder da aliança conservadora Cambiemos, o presidente eleito, Macri, anunciou na segunda-feira que invocará a Cláusula Democrática do Mercosul "pelos abusos e pela perseguição aos opositores na Venezuela".

Essa cláusula contempla a exclusão temporária de um membro do Mercosul, se houver uma alteração da ordem democrática.

Durante a campanha, Macri havia dito que, após assumir em 10 de dezembro, "exigirá a libertação de Leopoldo López" e manifestou sua solidariedade e seu apoio ao prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, em prisão domiciliar.

Segundo Gaillar, a "Cláusula Democrática" não se aplica no caso da Venezuela.

Essa cláusula "só se aplica em caso de ruptura democrática, tal como ocorreu com o Paraguai após o golpe de Estado contra Fernando Lugo em 2012. Este não é o caso da Venezuela, que tem um governo eleito legitimamente por uma maioria popular", insistiu.

Participaram do encontro com o embaixador venezuelano autoridades da Comissão de Relações Exteriores da Câmara Baixa, integrantes argentinos do Parlasul, além de representantes de organizações sindicais, estudantis e políticas aliadas ao governo.

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