- Vou morder os tornozelos dele!
O aviso em tom de ameaça foi do venezuelano Tomas Rincon a Lionel Messi, antes do jogo pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2014. Pobre Rincon... Vai voltar ao seu país com indigestão. Ele não mordeu, mas segurou, agarrou, chutou, deu cotovelada... E nada adiantou. Messi brilhou mais uma vez, foi protagonista da vitória da Argentina por 3 a 0, e chegou a oito gols na competição.
Antes da partida, o camisa 10 recebeu uma placa no centro do gramado do Monumental de Nuñez. Homenagem ao feito de ser eleito por quatro vezes consecutivas o melhor jogador do mundo. Quando o árbitro deu início ao jogo, a recepção foi muito mais dura. Os jogadores da Venezuela, especialmente Rondon, não aliviaram. Mas só mesmo fisicamente houve equilíbrio no duelo particular entre eles. Na bola, larga vantagem para o argentino do Barcelona.
A assistência para Higuaín e o gol de pênalti, mal marcado pelo peruano Victor Carrillo depois que Cichero desviou de ombro uma jogada armada pelo próprio Messi, decidiram o confronto já no primeiro tempo. A etapa final apenas coroou o entrosamento da dupla, que, mesmo sem a disposição dos primeiros 45 minutos, brilhou outra vez.
Líder com 23 pontos, a Argentina vai encarar a altitude de La Paz na próxima terça-feira, em duelo contra a Bolívia. A Venezuela, sexta colocada com 12 pontos, e fora da zona de classificação para a Copa do Mundo do Brasil, terá mais um compromisso muito complicado. Também na terça, receberá a Colômbia, vice-líder da competição, e embalada pela goleada por 5 a 0 sobre os bolivianos.
Passeio argentino
A Venezuela prometeu tirar os espaços de Lionel Messi. Para isso, esqueceu de jogar futebol. Com apenas Rondón avançado, o sistema de marcação até começou eficiente, tanto que o craque só tocou na bola pela primeira vez aos quatro minutos, mas depois sucumbiu diante da qualidade da equipe comandada por Alejandro Sabella.
Praticamente todas as chances tinham a participação do melhor do mundo. Ele passou por Rincon, bateu, e parou no goleiro Hernández. Depois tabelou com Higuaín, arriscou, e mais uma vez viu o venezuelano defender. Na jogada mais bonita, passou por dois, lançou Rojo na esquerda e recebeu cruzamento, mas o chute de primeira saiu muito alto.
A chave para as melhores jogadas do time da casa era Alexander González. O lateral-direito dava espaço, primeiro a Lavezzi, depois a Montillo. O meia do Santos cresceu quando passou a atuar da esquerda para o meio. Um de seus bons lances foi belo passe para Zabaleta, que preferiu tentar o cruzamento a chutar para o gol. Decisão errada.
Rincon apelava. Primeiro segurou o ombro de Messi, depois parou em sua frente e levou o cotovelo em direção ao seu rosto. Irritou o melhor do mundo, e deve ter aprendido que isso não se faz. Primeiro, Lionel, de primeira, achou Higuaín livre. González, o mapa da mina, dava condição, e o atacante do Real Madrid não perdoou. Depois, Messi arrancou pelo meio, tabelou, e Cichero cortou com o ombro. O árbitro viu mão. Messi ignorou o erro do peruano, e fuzilou. Jogo resolvido antes mesmo do intervalo.
Messi, Higuaín e o bandeirinha...
O segundo tempo começou com a Venezuela se lembrando que precisava ao menos tentar jogar futebol. Com seus jogadores mais adiantados e o meia Arango mais participativo para dar início às jogadas no meio-campo. A equipe do técnico Cesar Farías optou por bola no chão e os atletas se aproximaram de Rondón.
Sem a mesma disposição, mas com espaço, a Argentina criou duas oportunidades para Montillo. Titular em razão da ausência de Di Maria, o meia tentou duas vezes. Na primeira, caprichou demais, tentou encobrir Hernández, e errou. Depois arriscou de fora da área, mas na mão do goleiro.
Se o coadjuvante não aproveitou, coube aos protagonistas darem o golpe de misericórdia em qualquer sonho de reação venezuelana. A rivalidade entre Barcelona e Real Madrid fica na Espanha. Em Buenos Aires, Messi e Higuaín parecem jogar juntos toda semana. Em mais um passe do camisa 10 para o 9, outra finalização tranquila, outro gol. E outro erro do trio de arbitragem, já que o centroavante estava impedido.
A melhor chance da equipe vinotinto veio em cruzamento de Rondón para Otero, que concluiu por cima do gol. Ou seja, Romero, goleiro argentino, continuou sem fazer absolutamente nada na partida. Só bateu tiros de meta, e aplaudiu os companheiros.
Com a Bolívia pela frente, na altitude, na próxima terça-feira, a Argentina sabiamente se poupou com o resultado garantido. Sabella colocou Banega no lugar de Gago, a equipe ganhou qualidade nos passes e abusou deles, sempre no campo de ataque.
O cartão amarelo para Higuaín foi a chave para sua substituição. Sob aplausos da torcida que entendeu a atitude do time se poupar, ele deixou o campo, e viu tranquilamente os minutos finais de uma vitória que confirmou a superioridade de Messi e cia.