Após decisão desfavorável a aliado, Cristina critica Justiça argentina

A presidente Cristina Kirchner fez duras críticas contra a Justiça pela decisão de anular a eleição local da província de Tucumán, na Argentina, após denúncias de fraude que teriam ocorrido na votação do último dia 23.

A recontagem dos votos para governador, finalizada na última segunda (14), apontava vitória do kirchnerista Juan Manzur, com 51% dos votos. Mas a oposição rejeita o resultado.

Com imagens de urnas incendiadas e outras violadas, os opositores conseguiram na Justiça a anulação do resultado.

A eleição de Tucumán se transformou em uma batalha entre kirchneristas e oposição em âmbito nacional, que deve reverberar até a votação presidencial de 25 de outubro.

Após as denúncias de fraude na província, os candidatos a presidente da oposição passaram a criticar o sistema eleitoral argentino e pediram mudanças, o que está produzindo um clima de desconfiança com o processo de votação no país.

Pré-democrático

Nesta sexta (18), Cristina afirmou que a decisão da Justiça desrespeita a vontade popular.
"Voltamos a épocas pré-democráticas. Agora já nem sequer são presidentes os que anulam eleições, bastam dois juízes e um fórum 'shopping' para que em uma província se tente desconhecer a vontade popular", afirmou a presidente, sugerindo que a decisão foi comprada.

"A verdade é que perderam e não suportaram perder. Isso foi o que aconteceu e que não pode voltar a acontecer".

Segundo a imprensa argentina, a capital de Tucumán, San Miguel, amanheceu nesta sexta (18) com cartazes apócrifos com as fotos dos dois juízes que decidiram pela anulação da eleição na província com os dizeres: 'Eles são dois e desrespeitaram a vontade de 500 mil tucumanos'.

A presidente criticou o discurso da oposição de que os kirchneristas mantêm um sistema de clientelismo nas províncias mais pobres do país. Tanto em Tucumán, quanto em Chaco (cujas eleições ocorrem neste domingo), houve relatos de compra de votos. As duas são províncias do Norte, região mais pobre da Argentina.

'O que é isso de dizer que os pobres não sabem votar? Que nos venham dizer que há um problema estrutural no nosso sistema eleitoral porque os pobres dependem dos políticos. Significa que os pobres são idiotas, que não sabem votar, que é preciso proibir o voto dos pobres?', criticou Cristina.

Neste momento, a Justiça analisa o recurso dos políticos aliados da presidente para derrubar a anulação e declarar a vitória do kirchnerista Juan Manzur em Tucumán. O atual mandato dos políticos locais termina em 28 de outubro e, sem um resultado eleitoral, a província corre o risco de ficar sem comando. 

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