A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, não poderá concorrer nas eleições de outubro de 2015, e os investidores acreditam que o próximo governo enfrentará os problemas econômicos do país.
Reuters
Quem imaginaria que ser um pária dos mercados poderia ser tão atraente?
A moratória contenciosa da dívida argentina e o agravamento da recessão não impediu que investidores com alta tolerância ao risco continuem apostando na bolsa de valores do país.
Mesmo com a queda de 8% ontem, após a saída do presidente do Banco Central do país, Juan Carlos Fábrega, o Índice Merval da bolsa argentina subiu 118% neste ano, de longe a bolsa com melhor desempenho do mundo, com grandes investimentos da família de George Soros e do administrador de fundos de hedge Daniel Loeb ajudando a impulsionar a alta. Mesmo levando-se em consideração a forte depreciação do peso, as ações da Argentina subiram 68% em dólar neste ano.
Esses investidores estão apostando que a Argentina já atingiu o fundo do poço. A economia do país deve se contrair 2,1% este ano e sua inflação está entre as maiores do mundo. Em julho, a Argentina entrou em moratória pela segunda vez em 13 anos.
Os investidores veem um potencial de virada nas eleições presidenciais marcadas para outubro de 2015, na qual a presidente Cristina Kirchner não poderá concorrer. Os candidatos têm prometido trabalhar para sair da moratória e adotar políticas que endireitem a economia.
Gestores de fundos esperam estar na frente da debandada rumo à Argentina quando um novo governo tiver sucesso em restaurar a credibilidade do país nos mercados globais.
"Se a Argentina puder chegar ao outro lado, o potencial é enorme", diz Sammy Suzuki, gestor da
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LP, que administra US$ 486 bilhões, incluindo algumas ações argentinas. "Fazer grandes apostas em direcionamento político é sempre arriscado, mas neste caso [...] é difícil imaginar que a situação piore."
Investidores conservadores costumam evitar a bolsa argentina. Quem compra ações negociadas em Buenos Aires está sujeito à volatilidade do peso. O governo desvalorizou o peso em 20% em janeiro, e a moeda teve frequentes recordes de baixa no mercado negro este ano. Há pressão para outra desvalorização do câmbio oficial, que pode anular qualquer lucro da alta das ações.
Analistas e investidores dizem que qualquer ganho pode desaparecer rapidamente. A bolsa argentina é menor que outras na região, então as ações podem cair mesmo com a saída de pouco dinheiro. E os analistas alertam que nem todo o ganho do Merval reflete otimismo sobre o futuro da Argentina. Muitas empresas locais e argentinos ricos estão comprando ações e vendendo o equivalente em ADRs, os papéis emitidos por empresas estrangeiras que negociam nas bolsas americanas, para conseguir dólares driblando os controles cambiais do governo. Eles podem sair da bolsa se a economia melhorar.
Ainda assim, a popularidade das ações argentinas mostra quanto risco alguns investidores estão dispostos a correr pela chance de um retorno polpudo. A Argentina está em um grupo de pequenas economias em desenvolvimento, chamado mercados de fronteira, que começaram a atrair investidores em 2013 porque não foram muito prejudicadas pelos efeitos do afrouxamento monetário do Fed. Embora sejam mais arriscadas, pela volatilidade cambial e conflitos políticos, muitos investidores estimam que elas estarão em melhor posição que mercados emergentes maiores quando uma alta dos juros levar o dinheiro de volta aos EUA.
Como as ações argentinas não compõem as carteiras dos fundos mútuos americanos de forma ampla, muitos investidores normalmente só ganham exposição a elas através de ADRs. Os ADRs argentinos protegem os compradores da desvalorização do peso, mas seus preços estão vinculados aos das ações locais. As compras de ADRs, que subiram 21% este ano até o momento, elevam os preços das ações na Argentina.
A capitalização de mercado da Bolsa de Comércio de Buenos Aires é de apenas US$ 64,6 bilhões, a mesma da empresa de comércio on-line
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Loeb, presidente da empresa de fundos de hedge Third Point LLC, de US$ 17,5 bilhões, disse em sua carta trimestral aos investidores que a empresa investiu na petrolífera argentina
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. Ele diz que acredita que uma mudança na liderança do país em 2015 "deve levar a políticas mais favoráveis ao mercado". Uma porta-voz de Loeb não quis comentar e a carta não indica se o investimento foi em ADRs ou ações locais da YPF.
O Soros Fund Management LLC mais que dobrou sua fatia na YPF via ADRs nos últimos meses, tornando-se o maior acionista individual do portfólio, de acordo com registros regulatórios de 14 de agosto. Soros se encontrou com a presidente Kirchner na semana passada, em Nova York, e discutiram sobre a economia argentina e o setor de energia, segundo um porta-voz de Soros.
Brian Joseph, operador sênior da Puente, uma das maiores corretoras argentinas, diz que ações de energia como as da YPF se tornaram populares à medida que empresas começam a desenvolver a enorme formação de gás de xisto Vaca Muerta, na Patagônia.
Investidores otimistas esperam que o próximo presidente da Argentina resolva a longa disputa com os fundos de hedge que buscam o pagamento integral da dívida que o país deixou de honrar em 2001. Um acordo permitiria que a Argentina volte ao mercado internacional de dívida, um passo crucial para renovar as reservas e financiar gastos para promover o crescimento.
Nos primeiros oito meses de 2014, aproximadamente US$ 2,7 bilhões mudaram de mãos na bolsa Argentina, ante US$ 461 bilhões na Bovespa.