Aécio diz que apoio lembra as Diretas
DANIELA LIMA e FELIPE GUTIERREZ
Da Folhapress – Rio e Buenos Aires
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse ontem que os resultados das últimas pesquisas servirão para mobilizar seus apoiadores e "alertar" aqueles que querem "a mudança".
O tucano relativizou os últimos resultados, a exemplo do que fez quando, mesmo em empate técnico, o Datafolha apontou liderança numérica da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa. Novo levantamento divulgado ontem mostra que a petista agora tem uma vantagem de seis pontos sobre o tucano, fora da margem de erro.
"Eu não paro para avaliar pesquisas, se não sequer estaria no segundo turno. Mas aqueles que querem a mudança, fiquem alertas", disse. Ele reconheceu que será uma "eleição disputada", mas fez discurso em tom confiante: "No domingo falarei com vocês [imprensa] como presidente da República".
Aécio voltou a criticar os ataques dos adversários e disse que é "lamentável" que o ex-presidente Lula esteja "praticando essa campanha sórdida e ao meu ver criminosa". Ele voltou a dizer que as pessoas estão sendo ameaçadas com o fim de programas sociais caso vença a presidente Dilma.
DIRETAS
Aécio comparou as mobilizações promovidas por aliados em diversas cidades do país nas últimas 48 horas às passeatas pelas eleições diretas, na década de 1980. "Esses eventos espontâneos, que não víamos desde as Diretas [Já], Recife, em Brasília e em São Paulo, por exemplo, isso é forte e será avassalador no domingo", avaliou.
Ele encerrou a fala dizendo que a presidente Dilma já é "derrotada" pela "campanha que se propõe a fazer". "A verdade vai vencer a mentira", disse.
Na fala que será exibidas pelos telejornais, Aécio enfatizou "compromissos" com as mulheres e a educação. Disse que ampliará o número e o horário de funcionamento das creches e pré-escola, por exemplo. Com as criticas da campanha de Dilma, ele perdeu pontos entre as eleitoras do país.
APOIO
O "La Nación", um dos jornais mais importantes da Argentina, publicou ontem um editorial em apoio a Aécio Neves (PSDB).
No texto "Neves, uma esperança para o Brasil e para a região", o diário afirma que uma vitória do PSDB representaria uma alternativa às tendências populistas da América Latina e que, mesmo se Dilma vencer, as discussões levantadas pela candidatura tucana na campanha já terão sido saudáveis para o país e seus vizinhos.
O jornal cita especificamente a Venezuela e a própria Argentina como exemplos de países onde os governos são populistas e que, caso Aécio Neves vença, o Brasil "lançaria as bases de um modelo sustentado pela iniciativa privada".
O editorial afirma que Aécio pretende "abandonar a agenda externa do PT, baseada em associações ideológicas, por uma diplomacia mais pragmática que multiplique os acordos comerciais". E depois explica que isso significaria rever a regra do Mercosul que obriga a negociar com países terceiros em bloco, com uma só voz, o que tem dificultado acordos com os Estados Unidos e com a União Europeia.
Para o "La Nación", a política de integração que predominou no continente nos últimos anos é baseada em uma retórica de anti-imperialismo antiquada, que também está sendo questionada.
"Por baixo desse discurso, as ideias subentendidas foram avançando. Um exemplo é a rivalidade entre as presidentes do Brasil e da Argentina, quase inimigas pessoais, que não conseguem se reunir sozinhas já faz um ano e meio, apesar de terem se comprometido a visitas trimestrais."
Também há elogios a compromissos do candidato com a liberdade de imprensa e o plano econômico que promete combater a inflação com rigor e rever a relação entre o Estado brasileiro e as empresas.