Adversários políticos se unem contra risco de moratória na Argentina

A classe política argentina deixou de lado nesta quarta-feira o confronto para se unir contra a decisão judicial nos Estados Unidos que coloca o país sob risco de moratória, após ter sido condenado a pagar 100% de uma dívida com fundos especulativos.

Os políticos da oposição, que aparecem como possíveis candidatos às eleições presidenciais de 2015, expressaram respaldo unânime à decisão do governo de Cristina Kirchner de tentar negociar uma fórmula com o juiz de Nova York Thomas Griesa para evitar que Argentina entre em 'default'.

Em um reflexo da união política frente à decisão que projeta um panorama negro sobre a economia do país, Buenos Aires amanheceu coberta de cartazes contra os "fundos abutres", como chamam na Argentina os fundos especulativos que compraram os títulos podres.

"Basta de abutres. Argentina unida em uma causa nacional", afirma os dizeres em uma bandeira americana com a imagem de um grande abutre.

O prefeito da capital, Mauricio Macri (PRO, direita), arquirrival da presidente Kirchner, disse: "Todos concordamos em ajudar o governo para que chegue a um acordo".

"A atitude clara e coerente é priorizar o interesse nacional em detrimento de qualquer questão política", afirmou Macri em um comunicado de imprensa em Israel, onde se encontra.

Julio Cobos, ex-vice-presidente de Cristina Kirchner, que tem confrontado fortemente a mandatária e pré-candidato pelo opositor FA-UNEN (social-democratas, socialistas e socialcristianos) opinou que "a resolução tem que ser um tema de Estado" e pediu "negociação".

Na busca por consolidar uma posição comum, o ministro da Economia, Axel Kicillof, e outros membros do Gabinete se reuniram nesta quarta-feira com os líderes dos partidos a portas fechadas no Congresso.

"O Congresso, através de todos os seus partidos, comemora o pleno respaldo à posição argentina", disse ao fim do encontro o chefe de Gabinete, Jorge Capitanich.

Segundo Capitanich, "todos concordaram em repudiar a atitude dos 'fundos abutres' (especulativos) e em considerar esta decisão lesiva aos interesses do país", disse após admitir alguns questionamentos à estratégia de negociação da Argentina.

Capitanich informou que o juiz Griesa convocou os representantes argentinos para uma reunião sem adiantar qual será a estratégia do país.

Uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos confirmou na segunda-feira a sentença de um juiz de Nova York e de um tribunal de apelação que condena a Argentina a pagar 100% de 1,33 bilhão de dólares aos fundos especulativos NML Capital e Aurelius.

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