Acusada de sonegação, Bunge perde benefício fiscal na Argentina

A Administração Federal de Rendas Públicas (Afip) da Argentina (equivalente à Receita Federal brasileira), suspendeu a Bunge Argentina do Registro de Operadores de Grãos, segundo resolução publicada no Diário Oficial desta segunda-feira (1/10).

A Bunge é a segunda maior exportadora de grãos e derivados da Argentina, atrás apenas da Cargill, e está no alvo da Afip desde o final 2010. Na época, a empresa foi acusada de sonegar impostos e teve o registro suspenso, além de perder benefícios fiscais. Desde então, a companhia trava disputa na Justiça para reverter a decisão da agência de arrecadação.

A medida aplicada nesta segunda implica no aumento do imposto de renda retido na fonte, de 2% para 15% , além de uma alíquota de 10,5% sobre as vendas. Apesar de não serem impedidas de operar, as empresas excluídas do sistema de registro têm dificuldades para obter autorização para o transporte doméstico de suas mercadorias.

Passado

Em maio, a Bunge já havia sofrido um revés, quando a Justiça argentina rejeitou um recurso apresentado pela companhia contra a suspensão do registro. Agora, o órgão respaldou as acusações de sonegação fiscal, mediante "triangulações nocivas de exportações ao Uruguai". O organismo afirma que detectou operações com empresas fantasmas para driblar o Fisco. Segundo fonte da Afip, a Bunge deve 1,8 bilhão de pesos (aproximadamente US$ 386 milhões) por impostos sonegados em manobras contábeis cometidas nos anos fiscais de 2006 e 2007.

A multinacional também sofreu embargo judicial de bens no valor de 250 milhões de pesos. Procurada, a Bunge não se manifestou.

Outras grandes empresas que operam no país, como Cargill, Molinos Rio de La Plata, Moreno Oleaginosa, têm sido excluídas do sistema, desde 2010, em consequência das mesmas acusações. A exclusão das exportadoras de grãos do registro é parte da estratégia do governo para aumentar a arrecadação do Tesouro.

"Queremos que os que mais ganham sejam os que mais pagam", disse nesta segunda o titular da Afip, Ricardo Echegaray, durante anúncio da arrecadação de setembro. "Provamos na instância judicial que realizaram operações de triangulações, quando os lucros ficaram em outros países, mas a mão de obra, o cultivo, o transporte e todo o mais foram produzidos na Argentina", disse.

Reconhecimento latino-americano

Nesta segunda, um levantamento da consultoria inglesa Brand Finance colocou a Bunge entre as 20 marcas mais valiosas da América Latina. O estudo é realizado desde 2005 no Brasil, a partir de pesquisa de mercado com mais de 16 mil entrevistados.

Avaliada em R$ 6,85 bilhões, a Bunge é a empresa que mais subiu no ranking entre as marcas de maior valor, passando da 22ª para a 16ª colocação em apenas um ano. “Somos a única empresa do Agronegócio e de Bioenergia a figurar neste ranking, além de ser a segunda classificada no setor de Alimentos”, disse Pedro Parente, presidente e CEO da Bunge Brasil.

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