Sem dinheiro, Cristina mudou as regras da licitação e agora exige que 50% do financiamento saia do consórcio. O tempo é escasso para que o acordo seja confeccionado. O ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, promete que as obras serão iniciadas até a metade deste ano. A possibilidade de contar com aportes do BNDES, que teriam de chegar a US$ 2,5 bilhões em cinco anos, pode colocar as empresas brasileiras à frente das concorrentes. Para especialistas argentinos, o banco de fomento brasileiro é o grande trunfo de Cristina para tirar as obras do papel.
Já a Petrobras será utilizada para fazer um agrado à presidente argentina. Os últimos ativos da estatal brasileira devem ser vendidos ao empresário Cristobal Lopez, tido como amigo pessoal de Cristina pelos argentinos. Lopez já adquiriu uma refinaria e centenas de postos de combustíveis da Petrobras, mas agora está de olho na jazida de óleo de xisto de Vaca Muerta, na província de Neuquén. A Petrobras, com a possível venda, passaria apenas a deter participação acionária em outras companhias, como a Transportadora de Gas del Sur (TGS) e a refinaria Refinor. Caso as negociações não sejam bem sucedidas, especialistas acreditam que o Brasil registrará déficit comercial este ano com a Argentina.
De acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a previsão de safra recorde na Argentina pode aliviar a pressão sobre a balança comercial no meio do ano, mas, até lá, o déficit terá se tornado irreversível. "Desde os últimos meses de 2012 já se registrava déficit. Isso é importante para o governo brasileiro abrir os olhos para as barreiras - que considero ilegais - que estão nos impondo", diz Castro. Alberto Alzueta, presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, também pede uma solução rápida para as travas comerciais. "Se as barreiras são para todos, por que perdemos mais que outros países?", reclama.
Fonte: Brasil Econômico